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Sonhei com Mike Shatzkin
PublishNews, Marcio Coelho, 19/10/2020
Em sua coluna, Marcio compartilha o seu sonho com Mike Shatzkin e reflete sobre o reconhecimento aos profissionais do livro

Todo mundo sabe que nos sonhos vivemos coisas inimagináveis, boas ou ruins. É dente caindo, morte, pulamos de um precipício, beijamos gente famosa, saímos pelados à rua, fugimos de alguma coisa, conversamos com gente que já morreu. Isso pra dar alguns exemplos. Esse tipo de sonho já não me causa nenhum estranhamento. Mas o último sonho que tive, como diriam meus amigos gaúchos, bah!

Eu estava numa espécie de mall, aberto, com muitas lojas, restaurantes e uma livraria lotada de gente. Nos sonhos não tem pandemia. Fui chegando perto da livraria e vi o Mike Shatzkin lá dentro, sendo fotografado, assediado e ovacionado. Ele ria, com certa timidez, mas com um baita orgulho. E o mais curioso é que ele não era autor, não estava lançando nenhum livro. Ele era o Mike Shatzkin, profissional rodado do mercado editorial, colunista aqui do PublishNews e um operário do livro.

A sensação que ficou desse sonho foi justamente essa: um sonho. Em que realidade um trabalhador do mercado editorial tem esse status de pessoa famosa, só por fazer livros ou falar deles? Nem em Nova York, onde mora o Mike. Óbvio que alguns nomes ficam famosos por conta dos livros, mas geralmente são autores e/ou autoras, não gente que faz o livro acontecer.

Os anos de dedicação ao livro me ensinaram muitas coisas. Vivo de livros há muito tempo. Foi numa editora que conheci Juliana [Albuquerque, com quem Marcio é casado]. Grandes amigos me foram apresentados em eventos literários. Bebedeiras homéricas aconteceram vivendo o livro. Memórias afetivas sempre me despertam imagens do mundo do livro. Acho que pra maioria das pessoas que trabalha com livros é assim. Mas ser famoso como o Mike Shatzkin do meu sonho é forçar demais a barra.

Acordei e fiquei um tempão sentado na cama pensando no sonho, olhando pela janela e imaginando como seria o mundo se os operários do livro, como eu e você, um dia fossem abordados na rua. E, pra minha surpresa, não é que aconteceu? Estava indo ao mercado e uma senhora se aproximou e perguntou como fazia pra chegar na Nove de Julho. Não sou famoso.

Marcio Coelho começou sua carreira como revisor na antiga editora Siciliano, passou por muitas editoras como Saraiva, Nova Fronteira e Ediouro. Trabalhou na TAG – Experiências Literárias, prestou consultoria para clubes de assinaturas de livros, é professor de cursos voltados ao mercado editorial e gerente de projetos especiais do Grupo Editorial Pensamento. Além de viver de livros há mais de duas décadas, é apaixonado por eles.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

[19/10/2020 08:00:00]
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