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‘Nós somos o Jason do mercado de entretenimento’
PublishNews, Leonardo Neto, 18/06/2020
‘Acham que a gente vai morrer, mas a gente não morre, a gente continua’, diz Bruno Zolotar, diretor comercial e de marketing da Rocco no PublishNews Entrevista desta quinta-feira .

Bruno Zolotar, diretor comercial e de marketing da Rocco, está trabalhando de casa. Entre uma chamada e outra, pega a vassoura para dar um trato na casa. Ele deu uma pausa na nova rotina para conversar com André Argolo, que comanda o programa PublishNews Entrevista, que busca construir um arquivo da memória editorial brasileira.

Zolotar começa a entrevista comentando sobre a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. “Essa crise tem uma diferença das anteriores. É uma crise democrática, é para todo mundo. É pra gente, pro cara do iogurte, pro cara que fabrica tênis, pro restaurante da esquina...”, observou. Ele relembra que o mercado editorial vem enfrentando problemas nos últimos anos que baqueou a cadeia de distribuição, mas, apesar disso, ele tem fé que vamos sobreviver. “O mercado editorial é o Jason do Sexta-feira treze do mercado de entretenimento. Acham que a gente vai morrer, mas a gente não morre, a gente continua”, comentou.

Zolotar, que se diz “tarado por números”, observa que o livro já está encontrando novos jeitos de chegar aos seus leitores. Analisando os relatórios a que tem acesso, ele observou aumento das vendas por meios digitais e ele acredita que esse crescimento vai se perpetuar no tempo. “O e-commerce vai crescer e isso vai ficar”, diz.

Publicitário de formação, ele sempre sonhou em trabalhar na área de entretenimento, mas seguiu para a área de bebidas. Trabalhou por 11 anos numa multinacional de bebidas e consegue traçar paralelos entre as duas indústrias. "O livreiro é um sommelier de livros. No meio daquela variedade enorme de títulos, ele pode dizer o que é melhor para você, dar uma indicação", compara.

O sonho começou a martelar mais forte nos dois últimos anos de quando trabalhava na indústria de bebida. Queria trabalhar especificamente com livros. Em 2003, toma a decisão de pedir demissão. Na cabeça, tinha como plano abrir uma editora. “Sou judeu, capricórnio no horóscopo e cabra no horóscopo chinês. Sou muito pé no chão”, diz com sorriso no canto da boca. Decide que não colocaria o dinheiro da rescisão num negócio que pouco conhecia. Abriu uma consultoria de marketing com um amigo, sem nunca deixar de pensar no livro.

Em 2007, abriu uma vaga no departamento de marketing da Record. Sergio Machado e Luciana Villas-Boas o entrevistaram e começou aí a história de Zolotar no livro.

Zolotar desenvolve uma tese de que é preciso ampliar os pontos de vendas do livro para fazer o mercado crescer. “Há bairros no Rio de Janeiro que não tem uma única livraria. Há cidades que não tem um único ponto de vendas de livros. A gente tem que colocar mais livros na rua para que as pessoas passem e pensem: ‘deixa eu comprar aquele livro ali’. Aumentar a distribuição é um grande desafio”, defende.

Na entrevista, ele contou histórias do seu pai, baterista na juventude e que depois se tornou um homem dos show business em Niterói. Falou ainda sobre uma série de coincidências que pontuaram a sua trajetória pré-Record.

O PublishNews Entrevista é um oferecimento do #coisadelivreiro, consultoria em marketing e inteligência de negócios para o mercado editorial.

Além de estar disponível no canal do PublishNews no YouTube, este episódio está disponível em áudio também pelas plataformas digitais: Spotify, iTunes, Google Podcasts e Overcast.

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[18/06/2020 10:40:00]
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