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Direto de Bolonha 2: muito trabalho e a boa mesa
PublishNews, Gil Vieira Sales, 05/04/2017
Depois de um dia exaustivo fazendo negócios na Feira do Livro Infantojuvenil de Bolonha, nosso colaborador Gil Vieira Sales sai para jantar e ganha um 'gelato' quem adivinhar sobre o que ele conversa

Gil, editor da Editora do Brasil, manda notícias direto de Bolonha
Gil, editor da Editora do Brasil, manda notícias direto de Bolonha

Segundo dia: a feira segue de vento em popa. Pavilhões lotados de livros e gente empenhada em vender e comprar títulos são as cenas mais corriqueiras em Bolonha. Por ser fechada ao público (ou seja, diferente de nossas bienais, é um evento exclusivo para profissionais), a Feira de Bolonha concentra pessoas bastante focadas e objetivas. As reuniões costumam ser rápidas e diretas, pois o tempo urge. Em meia hora (normalmente) costuma-se olhar e discutir catálogos inteiros a fim de indicar o melhor livro para aquela venda internacional ou para aquela aquisição que é o sonho de consumo de um editor.

Casas editoriais do mundo todo participam de feiras assim porque querem ampliar seus catálogos comprando livros estrangeiros ou expandir seu nome e seu alcance vendendo livros para editoras de outros países. Nos espaçosos pavilhões que abrigam essa grandiosa Feira do Livro Infantil de Bolonha, acontecem muitas operações financeiras e muitas negociações que vão moldar os lançamentos e quase toda a produção das editoras envolvidas. É assim que a boa literatura infantil e juvenil se propaga mundo afora. Na maioria dos casos, é assim que livros brasileiros são traduzidos e lançados na Coréia do Sul e é assim que livros ucranianos ganham uma edição brasileira.

A dinâmica envolve valores, tiragens, porcentagens e muitos outros detalhes contratuais bastante delicados que necessitam de clareza e objetividade. Por isso, todos os que estão por aqui transmitem essa seriedade, são compenetrados e objetivos, pois estão buscando fazer um negócio o mais vantajoso possível.

Piazza Maggiore, onde Gil toma um 'gelato' à noite
Piazza Maggiore, onde Gil toma um 'gelato' à noite


Obviamente, sempre dando um ou outro sorriso ao conhecer ou apresentar uma boa narrativa infantil... Somos muito sérios, mas amamos as histórias de fantasia, emoção, sonhos, descobertas e alegrias que a literatura infantojuvenil nos proporciona.

Cá para nós, não é fácil vivenciar tudo isso nas muitas horas de duração de um dia inteiro de feira. Ao final desse nosso expediente internacional o cansaço é imenso...

E, ao fim de um dia de tantas conversas, apresentações e promessas de análises e publicações futuras, o que a gente mais quer é relaxar e curtir a noite bolonhesa. Jantar uma boa massa, apreciar um bom vinho (ou um bom suco) é tudo que se almeja, seja na companhia dos queridos amigos de muitos anos de mercado editorial ou na dos amigos recém adquiridos ao longo dos poucos dias de feira. Mas quem disse que esses encontros noturnos se resumem à abordagem de outros assuntos corriqueiros? Quase sempre lá estamos nós estendendo o dia e falando de novo sobre trabalho...

Não é fácil não falar de livro e literatura em Bolonha, seja trabalhando no estande, seja almoçando, seja tomando um maravilhoso gelato na Piazza Maggiore à noite. Mas quem teria coragem de reclamar disso? É tudo tão maravilhoso, mesmo quando estamos exaustos e achando que não há mais força para nada...

Amanhã tem mais feira e mais relato.

Ciao, belli!


* Gilsandro Vieira Sales (ou só Gil para os nem tão íntimos) é coordenador de Literatura Infantil e Juvenil na Editora do Brasil. Bacharel e licenciado em Letras pela USP, tem paixão por livros, cultura e formação de leitores. Atua há quase dez anos no mercado editorial e ama o Brasil - com tudo

[05/04/2017 09:46:00]
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