O fecha-bodegas ficou fumando numa quenga quando ouviu o falaço de que sua mulher teve uma funhenha pelo amigo, e o atropelou com sua fubiquinha. Não entendeu nada? O Dicionário do Nordeste (Estação Liberdade, 408 pp., R$ 36), de Fred Navarro, explica. A frase acima revela um pouco da riqueza deste dicionário ao utilizar apenas alguns verbetes que se iniciam com a letra "F". Em nova edição, essa importante obra de referência traça, de forma divertida e curiosa, as expressões idiomáticas encontradas no nordeste do Brasil. O livro possui mais de 5 mil palavras e expressões, tendo utilizado mais de mil fontes, incluindo artistas como Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Netto, Lenine, Gilberto Gil, Falcão, Chico César e Chico Science. O livro começou como uma curiosidade pessoal do jornalista Fred Navarro, ganhou caráter jornalístico quando de sua primeira versão (Assim Falava Lampião, Estação Liberdade, 1998) e depois evoluiu para um projeto mais ousado, com um número significativo de referências coletadas de um vasto universo composto de literatura de cordel, discos, livros e filmes, abrangendo toda a região nordeste, do Maranhão até a Bahia. Voltando a frase inicial, aqui vai um pequeno glossário - fecha-bodegas: cabra macho; fumar na quenga: ficar louco da vida; falaço: fofoca; funhenha: misto de tesão e arrepio; fubiquinha: carro velho.