Para adentrar na literatura colombiana e latino-americana
PublishNews, Mariana Vilela, 29/04/2024
Luciany Aparecida, Luiza Romão, Ángela Cuartas, Eliane Marques e Stephanie Borges indicam suas referências de autoras da Colômbia e América do Sul

Eliane Marques, Stephanie Borges e Luciany Aparecida (da esquerda para a direita)
Eliane Marques, Stephanie Borges e Luciany Aparecida (da esquerda para a direita)

A Feira Internacional de Livros de Bogotá (FILBo), trouxe uma nova possibilidade de diálogos entre a literatura brasileira, colombiana e os países vizinhos do continente. Para quem quer adentrar novos universos e desfrutar da diversidade literária latino-americana, as autoras convidadas neste ano para a FILBo ajudam com suas indicações de escritoras:

1. Luciany Aparecida, escritora e pesquisadora, autora de Mata doce (Alfaguara) e Macala (Círculo de Poemas) indica Velia Vidal, autora de Águas de Estuário (traduzido no Brasil pela Jandaíra), Cuerpos de Agua e Diez lunas para una espera.

"Quero indicar como referência uma autora afro-colombiana que está traduzida no Brasil pela Editora Jandaíra chamada Velia Vidal. Ela é de uma região litorânea chamada Bahia Solano, do departamento de Chocó, ela está lançando um livro que se chama Cuerpos de Agua, e tem outros livros também. São vários temas que são importantes para autora: a natureza bem como pensar outros lugares da maternidade, outros lugares do ser mulher. Além disso ela também desenvolve projetos de leitura na Bahia de Solano".

2. Eliane Marques, autora de Louças de família (Autêntica) e O poço das Marianas (Escola de poesia) indica Graciela Gonzalez Paz, com o livro Zambeze.

"Quero indicar a escritora amefricana uruguaia Graciela Gonzalez Paz, com o livro Zambeze. Este livro foi traduzido do castellano para o português em 2022 e Gabriela sintetiza a história do avô, um homem africano que depois foi levado para a França e lá trabalhou em plantações, casou com uma mulher branca e veio para o que hoje é o Uruguai.

E também a escritora porto-riquenha Maira Santos-Febres, que tem um livro em edição bilínguie espanhol-português Brasil se chama Conjuro da Guiné (Orisun Oro), a Mara explica o que vamos chamar de uma experiencia literária que parte da avó dela, da mãe dela e dela.

A outra é a escritora cubana chamada Fortin Herrera, e o livro se chama Cabeça de Fé, um conjunto de poemas de vários livros. É uma escritora cubana maravilhosa que divide histórias em comum com outras escritoras do Brasil e da Argentina.

Existem vários pontos em comum entre os países da América do Sul, mas parece que o Brasil está sempre olhando para a Europa e para os EUA. Há um olhar das outras editoras pequenas, mas as grandes editoras, parece que só publicam o que já está lá no alto”.

3. Luiza Romão, premiada com o Jabuti com o livro Também guardamos pedras aqui indica Yuliana Ortiz Ruano, Silvia Cusicanqui e Andrea Cote.

“Nossa, que tarefa díficil! São muitas autoras incríveis! Vou escolher três, então, que escutei na feira e cujas palavras ainda tão reverberando em mim: a primeira é a Yuliana Ortiz Ruano, poeta equatoriana, que acaba de lançar o livro Cuaderno del imposible retorno a Pangea no qual dialoga com o poema de Césaire e propõe o mar como espaço - "mar-ritório" - e a ilha como corpo vivo e falante. Outra é Silvia Rivera Cusicanqui - uma referência incontornável nos estudos feministas e indígenas - que apresentou na feira uma fala sobre a "coquita" (folha de coca), sua importância na cultura boloviana e os processos de perseguição e criminalização do Estado. Que aula! E por fim, fiquei muito tocada pela mediação que a poeta colombiana Andrea Cote fez de uma mesa com Lídia Jorge sobre a velhice hoje; especialmente, um momento em que ela propôs pensarmos a literatura como uma forma de falar com nossos e nossas mortas: de arrepiar!”

4. Ángela Cuartas, escritora, tradutora e pesquisadora nascida em Cali, Colômbia, com uma vivência de dez anos no Brasil, autora de Madreselva, traduzido no Brasil pela Diadorim, indica:

“Quero indicar algumas poetas colombianas: Emilia Ayarza, María Mercedes Carranza, Mery Yolanda Sánchez, Piedad Bonnett y Eliana Hernández, e autoras de prosa: Emma Reyes, Pilar Quintana y Yulieth Mora”.

5. Stephanie Borges, jornalista, poeta e tradutora brasileira indica a escritora jamaicana Kincaid e a caribenha Dionne Brand

“Indico a escritora da Jamaica Kincaid, escritora caribenha que no Brasil está traduzida pela companhia das Letras, e a outra se chama Dionne Brand, que tem um livro chamado Um mapa para a porta do não retorno: notas sobre pertencimento, poesia fragmentada mesclada com ensaios, a descobri quando ela veio para Flip em 2023. É um livro que tem um trabalho de linguagem muito sofisticada e conturbada para marcar as experiências afrodiaspóricas.


* Mariana Vilela é jornalista e escritora, escreve também em www.jornalistahumanista.com.br e é autora do romance Compulsão de Clarisse, editado pela Penalux.

[29/04/2024 11:00:00]