Janice é uma guardiã de histórias de outras pessoas. Ela não lembra quando começou a armazená-las. Talvez tenha sido a partir de uma conversa que escutou por acaso enquanto limpava uma pia, espanava uma sala ou descongelava uma geladeira. Mas, no fundo, ela sabe muito bem o que a motivou a colecioná-las: a falta de uma história para chamar de sua, pois seu passado já foi há muito enterrado, e o presente ela prefere esquecer. Em Guardiã de histórias (BertrandBrasil, 336 pp, R$ 69,90 – Trad.: Isabella Duarte Britto), escrito por Sally Page, enquanto presta atenção no que os outros compartilham, Janice consegue duas coisas: conhecer melhor as pessoas e aumentar seu repertório. Depois de ouvir as histórias da recém-viúva Fiona e de seu filho Adam, as do cantor de ópera Geordie e as da Sra. Sim-Sim-Sim, ela tem uma visão mais precisa dessas personagens fascinantes que fazem parte da sua escala de faxinas. E recordar algumas dessas histórias ajuda Janice a passar o tempo na volta de ônibus para casa após um longo dia. Mas, quando passa a trabalhar também para a Sra. B, uma mulher astuta e geniosa de 92 anos que percebe que Janice esconde alguma coisa, seu passado corre o risco de ser desenterrado. Por mais que tente, Janice não consegue escapar da teia tecida pela Sra. B para desvendar seu mistério. Em tempos áureos, a Sra. B trabalhou como espiã para o Serviço Secreto Britânico e não vai desistir de seu objetivo.