Hemingway e as touradas
PublishNews, Redação, 16/05/2024
Em 'Morte ao entardecer', o escritor mergulha nas cerimônias e tradições da tourada espanhola, desvendando sua história, técnica e filosofia

Conhecido por sua habilidade em capturar a essência de experiências intensas em suas obras literárias, Ernest Hemingway nunca escondeu seu fascínio pelo embate entre a vida e a morte. Um admirador inveterado da coragem humana diante das adversidades, Hemingway explorou de maneira ímpar essa temática em sua escrita. Ele acreditava que, após a Primeira Guerra Mundial, o único lugar onde se poderia observar a dualidade da vida e da morte seria nas touradas. Dirigiu-se, então, à Espanha, a fim de torná-la palco para suas observações. Morte ao entardecer (Bertrand, 350 pp, R$ 99,90 – Trad.: Irinêo Baptista Netto) reflete a crença de Hemingway de que as touradas transcendem a mera prática esportiva. Apresentada como uma forma de arte, na qual a técnica perigosa beira a linha tênue entre o esporte e a arte, as touradas são comparadas a um balé ricamente coreografado, nas quais o touro, o matador e os espectadores desempenham papéis ativos, contribuindo para o desenrolar do espetáculo. Hemingway interpretava a tradição como uma dança, abrangendo desde os amadores desajeitados até os mestres de grande graça e astúcia. Além disso, as touradas ofereciam a Hemingway uma metáfora poderosa para explorar temas como coragem, mortalidade e a luta do homem contra forças maiores do destino.

[16/05/2024 07:00:00]