O espaço aqui é nobre, pois é de livros, é de editores, é de autores e de todos que trabalham com o mundo do livro. Mundo que é silencioso, de leitura atenta e compenetrada. Leitura só quebrada pela voz do autor em palestras e debates, ou do leitor apaixonado a perguntar sobre o livro e a escrita.
O ato da leitura, porém, sofre, solitário e ensurdecido pelas redes sociais, pelas fake news, pelos vídeos curtos, e pela destruição da educação e da promoção do livro. E nisso temos a morte dos escritores e dos editores. Primeiro pela redução de verbas e fim das compras governamentais, depois pela má gestão durante pandemia e o definitivo extermínio de verbas para a cultura.
Tudo, porém, fica ainda pior. O novo e corte gigantesco dos investimentos no ensino superior público federal, desta vez enterrará não só a educação, mas a pesquisa e a independência tecnológica do país.
A seguir nesse rumo, teremos, na entrada no novo milênio, os mesmo níveis de antes da chegada de Dom João VI, quando todo material cultural era importado e as escolas praticamente não existiam.
Mas não desanimo. Vivemos de sonhos e sonhamos em silêncio, e a eles me aferro. Pois, sonho com a recuperação do crescimento, com novos espaços para a indústria do livro e a economia da cultura. Sonho com o fim do neoliberalismo nefasto e corrupto, e com novos horizontes para o livro e a leitura ainda neste nosso 2022.
Paulo Tedesco é escritor, editor e consultor em projetos editoriais. Desenvolveu o primeiro curso em EAD de Processos Editorais na PUCRS. Coordena o www.editoraconsultoreditorial.com (livraria, editora e cursos). É autor, entre outros, do Livros Um Guia para Autores pelo Consultor Editorial, prêmio AGES2015, categoria especial. Pode ser acompanhado pelo Facebook, BlueSky, Instagram e LinkedIn.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.