Se há três anos (o tempo passa rápido), nós estávamos em casa sentindo falta das festas e eventos literários presenciais, em 2023 o calendário esteve cheio praticamente em todos os meses com pelo menos um evento ocorrendo em algum canto do Brasil – ou do mundo. As tendências deste ano? Recordes de público em diversos eventos e aumento da participação brasileira nas feiras internacionais. A Feira do Livro de Bolonha, por exemplo, uma das mais importantes do mundo, voltada especialmente para o mercado de livros infantis, realizou sua 60ª edição em março com 1,4 mil expositores e 28,8 mil visitantes – número que se igualou ao resultado de 2019, última edição antes da pandemia. Este ano, Julio Silveira, editor, escritor, curador e colunista do PublishNews, foi o nosso “marinheiro de primeira viagem” e contou tudo o que viu no evento. Além disso, a Feira de Bolonha contou com a participação de 22 editoras brasileiras que conseguiram gerar US$ 782 mil em negócios. O Brasil também foi representado por cinco editoras na Feira do Livro de Bogotá, que ocorreu em maio, A participação no evento resultou em US$ 143 mil entre negócios fechados e expectativas para os próximos meses. Realizada há 35 anos, a FILBo é um dos mais importantes eventos do mercado literário hispânico e na edição de 2024, terá o Brasil como país convidado de honra. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

A Lista Nielsen PublishNews, divulgada nesta quarta-feira (20) e referente ao período entre 6 de novembro e 3 de dezembro, trouxe apenas uma novidade. O destaque da apuração sobre os autores brasileiros mais vendidos em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento no país vai para a obra Corajosas: Os contos das princesas nada encantadas (Mundo Cristão), escrita pelas autoras Arlene Diniz, Maria S. Araújo, Queren Ane e Thais Oliveira e que entrou na lista de Ficção na 12ª posição. Lançado em junho deste ano, o livro é uma releitura cristã e moderna de quatro contos de fadas clássicos. Destaque também para Carla Madeira, que há exatamente um ano se mantém no topo da categoria Ficção com seu livro Tudo é rio (Record). Suas outras obras Véspera e A natureza da mordida também seguem presentes na apuração. Em Não Ficção, O Deus que destrói sonhos (Thomas Nelson Brasil), de Rodrigo Bibo, garantiu o primeiro lugar do pódio. Junior Rostirola e o seu Café com Deus pai – 2024 (Vélos) ficou com a segunda posição e Thiago Nigro aparece no terceiro lugar com Do mil ao milhão (HarperCollins). Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

Ângelo Xavier, da Moderna, foi reeleito presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros). O editor foi escolhido em Assembleia Geral no último dia 14. A Diretoria e o Conselho Fiscal da entidade para o biênio 2024/2025 serão empossados de forma automática em 1º de janeiro. A diretoria terá ainda Ricardo Tavares (FTD) como 1º Vice-Presidente; Flávia Bravin (Saber Educação) como 2ª Vice-Presidente; Jorge Yunes (IBEP) como 1º Tesoureiro; e Eduardo Mendonça (SM) como 2º Tesoureiro. Para Diretores Adjuntos foram eleitos Paulo Serino (Editora do Brasil), Angelo Cavalcante (Scriba Soluções Editoriais) e Luiz Esteves Sallum (Casa de Letras). O Conselho Fiscal terá como integrantes Sandra Bensadon (Companhia das Letras), Marcelo Dalpino (Macmillan) e Tatiana Lima (Edebê). “O próximo biênio será uma oportunidade para continuarmos a fortalecer o nome da Abrelivros junto aos educadores e à sociedade em geral. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

O PublishNews publica regularmente a Área Indie, espaço publieditorial que reúne informações sobre livros lançados de forma independente ou autopublicados. Nesta semana, são três novas obras. O livro Seria ficção se não fosse verdade (Ed. Penalux, 96 págs, R$ 42,00), de André Pinto — fotógrafo e poeta —, é uma coletânea de poesias que aborda questões sociais por meio do lirismo. Os poemas procuram fazer uma crítica ao sistema colonial que nos foi imposto pela branquitude, como também procura despertar um olhar para si e no entorno para reverter esses costumes e práticas. Terremoto e ruínas é o primeiro volume da série Terra de corações ferozes, escrito pela autora Day Fernandes, psicóloga residente em Brasília (DF). O livro é uma mescla dos gêneros de romance e fantasia, carinhosamente apelidada no universo literário como “romantasia”. O terceiro livro é uma espécie de sci-fi nacional. Se você pudesse viajar através do tempo, faria escolhas diferentes daquelas que impactaram sua vida? Esta é a proposta deste livro. Mudei meu passado, e agora? ajuda a entender que não existe apenas um resultado possível diante de uma equação, mas um leque de variantes. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

Após o sucesso da 93ª edição, a Feira do Livro de Lisboa anuncia as datas da da edição 2024. A 94.ª edição terá lugar no Parque Eduardo VII de 29 de maio a 16 de junho de 2024. A última edição da Feira do Livro de Lisboa contou com um total de 894 mil visitantes, um notável aumento no número total de participantes face à edição anterior, segundo a organização. Este sucesso consolida a Feira do Livro de Lisboa como um dos principais eventos culturais de Portugal, reforçando o seu papel na promoção da literatura e na construção de pontes entre autores e leitores. “Eventos como a Feira do Livro de Lisboa desempenham um papel crucial em inspirar o gosto pela leitura, especialmente entre os mais jovens. Através da celebração da literatura, criamos oportunidades para que as novas gerações se apaixonem pelas histórias, desenvolvam a imaginação e construam um futuro mais rico culturalmente”, afirma Pedro Sobral, Presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), em nota. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O Radar de Licitações – seção fixa do PublishNews+ que reúne, semanalmente, informações sobre processos licitatórios para a compra, confecção de livros e demais serviços editoriais – traz dois editais visando a aquisição de obras literárias e didáticas. O primeiro tem como objeto a aquisição de livros de literatura para compor o acervo bibliográfico de escolas, utilizados por profissionais da educação e alunos de uma Rede Municipal de Ensino. São 234 obras - 35 unidades, cada - de diferentes editoras. O pregão está marcado para 8 de janeiro de 2024 e o valor chega a R$ 499.769,75. O segundo edital visa o registro de preços, visando futura e eventual aquisição de livros da coleção projeto de vida e atitudes empreendedoras para atendimento às escolas de ensino fundamental regulares e de tempo integral, também de uma rede municipal de ensino. A disputa está marcada para 28 de dezembro e o valor do edital chega a R$ 46.105.382,40. A seção, exclusiva para os assinantes do PN+, é alimentada pelo Radar de Licitações, consultoria de Natália Vieira que, além de buscar novas licitações, presta um serviço de apoio aos editores e distribuidores interessados em vender para governos, nas mais diversas esferas de poder. Para acessar o Radar dessa semana, clique aqui.

Mariana Bueno, coordenadora de pesquisa da Nielsen BookData, é a convidada especial do próximo episódio do podcast "Papo CBL", que já está no ar. Mariana conta sobre os resultados da pesquisa "Panorama do Consumo de Livros", encomendada pela Câmara Brasileira do Livro. Realizada entre 23 e 31 de outubro de 2023, com 16 mil pessoas em diferentes regiões do país, a pesquisa oferece um retrato detalhado dos consumidores de livros no Brasil, explorando seus hábitos de consumo e preferências. O estudo abrange desde o perfil dos leitores até as tendências de compra, proporcionando uma visão do mercado de livros brasileiro. Apenas 16% da população brasileira é consumidora de livros, de acordo com a pesquisa. Clique no Leia mais para ouvir o podcast.

A Biblioteca Pública do Paraná (Rua Cândido Lopes, 133 – Curitiba / PR) realizou ao longo de 2023 uma série de ações culturais e gratuitas voltadas ao público. Pensando na diversidade e inclusão, a instituição de 166 anos intensificou suas ações culturais, ampliando e diversificando os mais de 40 projetos voltados para lançamentos de livros, exposições, contações de histórias, teatro, sessões de cinema, oficinas, palestras e muito mais, o que a coloca entre um dos principais centros culturais do Paraná. Com uma agenda permanente de eventos, a BPP disponibiliza espaços para a realização dos mesmos, internos e externos, como o auditório, halls do primeiro e segundo andar, sala de reuniões, coworking, contabilizando, este ano, cerca de mil ocupações. Na agenda fixa da biblioteca são comemorados o aniversário da instituição (em março) junto ao Mês Internacional das Mulheres; Uma noite na Biblioteca, voltada ao público infantil (julho); o Mês das Crianças (outubro); a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca (outubro); a Festa Literária da Biblioteca Pública do Paraná (outubro); a Semana da Pessoa com Deficiência e o Mês da Consciência Negra (novembro). Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O autor, roteirista e produtor executivo Raphael Montes é o convidado do Trilha de Letras inédito que vai ao ar nesta quarta-feira (20), às 22h, na TV Brasil. Conhecido por suas histórias de suspense, crime e terror, o escritor apresentou as duas primeiras temporadas do programa conduzido hoje por Eliana Alves Cruz. Em 2018, Raphael entrevistou Eliana durante a atração da emissora pública. Ao longo do bate-papo desta quarta, Raphael Montes fala sobre literatura policial, seu começo de carreira, sobre escrever a respeito de crimes reais e as diferenças entre escrever livros e roteiros. Ainda durante a conversa, o roteirista dos filmes sobre o caso Von Richthofen também destaca sua primeira telenovela, para um canal de streaming, e seu livro mais recente A mágica mortal (Seguinte), que marca sua entrada na literatura infanto-juvenil. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Na celebração de seu aniversário de 66 anos, o Museu de Arte da Pampulha (Av. Otacílio Negrão de Lima, 16585 – Belo Horizonte / MG) – espaço que integra o Conjunto Moderno da Pampulha – preparou uma programação que respeita sua vocação de buscar perspectivas instigantes estimulantes e novas abordagens para provocar a reflexão e a produção da arte contemporânea. Nesta quarta-feira (20), às 19h30, ocorre o encontro com Conceição Evaristo, primeira convidada da série de conversas do 'Diálogos MAP na Casa Fiat de Cultura'. O programa é realizado pelo setor de Artes Visuais do Museu de Arte da Pampulha, com o objetivo de promover ciclos de palestras, workshops, mesas redondas e encontros com artistas e pesquisadores de forma a incentivar e instigar a reflexão e a produção artística em Belo Horizonte. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A editora Com-Arte vai lançar obra A biblioteca vermelha de Raimundo Jinkings, escrita pelo professor e jornalista Antonio Carlos Pimentel Jr. O evento de lançamento ocorre no espaço do Núcleo de Conexões Na Figueredo (Avenida Gentil Bittencourt 449 – Belém / PA), nesta quarta-feira (20), a partir das 19h. O livro apresenta a história da formação do livreiro Raimundo Jinkings e das lutas que enfrentou para realizar o sonho de uma sociedade melhor, mais instruída, mais justa e mais solidária, em Belém do Pará, na segunda metade do século XX. Com a redemocratização, sua livraria se tornou um espaço cultural que reunia a intelectualidade do Pará, jornalistas, escritores e educadores. A história de Jinkings e de sua biblioteca pessoal, aqui apresentada por Antonio Carlos Pimentel Jr., jornalista apaixonado pelos livros e pela cultura belenense, é uma contribuição relevante para a história do livro e da leitura no Pará e no Brasil. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Ano após ano, o tema da desigualdade segue no centro do debate público nacional. A desigualdade extrema traz problemas de várias ordens: submete uma grande massa de pessoas a condições degradantes, questiona os fundamentos morais da sociedade, atrapalha o crescimento econômico. O sociólogo Marcelo Medeiros, que se dedica há décadas a estudar o assunto e é reconhecido como um dos maiores especialistas do mundo sobre o tema, apresenta aos leitores as características da desigualdade no Brasil e descreve seus principais personagens: os ricos e os pobres. O autor aponta ainda as possibilidades e limitações de algumas das soluções comumente sugeridas para seu enfrentamento. Os ricos e os pobres (Companhia das Letras, 192 pp, R$ 79,90) é um livro conciso, solidamente embasado, rigoroso em sua dimensão filosófica, didático e polêmico. “Marcelo Medeiros desconstrói com clareza e erudição o senso comum. Não há como falar sobre pobreza e desigualdade sem falar de política, e o autor ensina como fazer isso com rigor científico e sem ofuscar o que de fato importa por trás de um verniz tecnocrático. Afinal, como ele diz, as evidências também são baseadas em escolhas políticas”, avalia o sociólogo e pesquisador Pedro H. G. Ferreira de Souza.

Depois de esmiuçar o mundo do crime no Rio de Janeiro em A república das milícias (Todavia), livro que conquistou o prêmio Jabuti de 2021 e impactou dezenas de milhares de leitores com o retrato de um país corrompido e violento, Bruno Paes Manso volta com um mergulho em outra dimensão da criminalidade no Brasil. Em A fé e o fuzil (Todavia, 304 pp, R$ 74,90), a lente está posta em suas relações com o crescimento das igrejas evangélicas nas últimas décadas. A partir de depoimentos de ex-criminosos que tiveram a vida transformada pelo contato com a religião, o autor desconstrói estigmas associados às novas denominações evangélicas e mostra como o crescimento desses grupos responde a anseios profundos de uma população exposta a todo tipo de violência. Paes Manso é jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

“Negro é o modelo, branca é a moldura”: assim Françoise Vergès resume a condição atual de boa parte dos museus e instituições culturais, em que saberes, objetos e produções artísticas de populações marginalizadas são expostos, narrados e rentabilizados em benefício da manutenção e ampliação do poder das elites brancas colonialistas. Em Decolonizar o museu (Ubu, 272 pp, R$ 69,90 – Trad.: Mariana Echalar), a pensadora propõe o desmantelamento da estrutura de tais instituições e sua substituição por outras formas de gerir, apresentar e distribuir as riquezas culturais que elas detêm, garantindo que a circulação desses artigos e dos conhecimentos a ele vinculados sejam mediados por um compromisso real com as populações por ele representadas. A esse novo sistema ela chama de pós-museu: “um espaço de exposição e transmissão que leve em consideração análises críticas de arquitetura e história nas artes plásticas; um lugar onde as condições de trabalho daqueles/as que limpam, vigiam, cozinham, pesquisam, administram ou produzem sejam plenamente respeitadas e onde as hierarquias de gênero, classe, raça, religião sejam questionadas”.

Em Freud e o casamento (Autêntica, 256 pp, R$ 54,90), Maíra Moreira questiona a cisheteronormatividade monogâmica da qual se ocupou quase exclusivamente o austríaco em seus estudos e a responsabilidade da mulher a fim de garantir uma união segura e estável. O recorte mostra uma faceta mais conservadora do psicanalista, em contraposição a leituras que defendem que Freud era um feminista avant-garde, e faz ainda uma articulação entre o cuidado e o trabalho, a divisão sexual, a reprodução social e o patriarcado, entre outros temas. Partindo de um detalhe dos textos de Freud sobre feminilidade, a autora questiona as dicas de “conselheiro amoroso” do pai da psicanálise, a saber, de que para um casamento ser bem-sucedido a mulher deve tomar seu marido por filho e agir em relação a ele como mãe. Ao desfazer o casamento entre a Mulher, a Mãe e a Natureza e dissociar o cuidado do feminino, recuperando o sexual como forma de tensionar as identidades baseadas na diferença sexual, Maíra propõe uma coletivização comunal do trabalho de cuidado, superando as visões maternalistas e conservadoras que seguem operando nas parcerias, na psicanálise, na sociedade, nas políticas públicas – e até mesmo no feminismo.