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Sharjah: delegação da Grécia mostra a contemporaneidade de sua literatura
PublishNews, Beatriz Sardinha, 06/11/2025
País mediterrâneo, convidado de honra desta edição, leva cultura helenística para Emirado e mostra variedade de sua produção editorial

Estande da Grécia em Sharjah © Sissy Morfi
Estande da Grécia em Sharjah © Sissy Morfi

SHARJAH – A participação da Grécia como país convidado de honra da 44ª edição da Feira Internacional do Livro de Sharjah (SIBF) foi organizada pela Diretoria de Letras da Diretoria Geral de Cultura Contemporânea do país e busca mostrar ao público internacional várias facetas da produção editorial grega, além das obras clássicas do período antigo. A participação em Sharjah segue-se à presença do Emirado como convidado na 20ª Feira Internacional do Livro de Salônica (TIBF) 2024 e à assinatura de um protocolo de cooperação bilateral entre os dois países.

"O período clássico é nosso grande amigo e também nosso maior inimigo", comenta Vassillis Kimoulis, membro da comitiva grega em bate-papo descontraído com o PN durante um dos intervalos das mesas redondas da Conferência de Editores. A frase traduz a intenção da comitiva grega de mostrar a relevância de sua produção literária recente – muito além de Homero, Safo, Ésquilo e Platão.

Banner oficial da Grécia em Sharjah © Divulgação
Banner oficial da Grécia em Sharjah © Divulgação

A poeta e tradutora Danae Sioziou complementa esse posicionamento e diz que há uma "obsessão" com as obras desse período. "Atualmente aprendemos muito pouco do grego antigo na escola. No mercado, todas as obras que traduzimos para o grego são vertidas ao grego moderno", diz.

A comissão do país busca destacar os laços entre a Grécia e o mundo árabe, que persistiram ao longo dos tempos, mas também as faces contemporânea da literatura, da tradução e das artes gregas.

"Contar histórias na Grécia sempre foi mais do que uma forma de expressão e faz parte da nossa identidade cultural. Das antigas tradições orais da Odisseia e Ilíada de Homero ao drama grego, e dos contos folclóricos da Era Bizantina às narrativas nacionais que surgiram antes e depois da criação do estado grego moderno, a narrativa evoluiu continuamente com o tempo. Hoje, uma nova onda de autores contemporâneos está ultrapassando limites, explorando novos gêneros e criando histórias que ressoam com públicos globalmente conscientes", afirma Sissy Papathanassiou, autora, tradutora, Chefe da Diretoria de Letras-Ministério da Cultura Helênico, ao PublishNews.

O estande do país está localizado no Pavilhão Nacional — mais precisamente no Hall 5, Estande L13 — com 200 m², e conta com 59 editoras, organizações e instituições culturais, incluindo 28 com presença física. Cerca de 600 títulos em grego e outros idiomas estão sendo apresentados — edições do Ministério da Cultura, de seus órgãos supervisionados, de fundações culturais e de editoras gregas e estrangeiras especializadas em traduções. A comissão dá destaque ao GreekLit como principal vitrine de sua participação. O programa de financiamento realiza a tradução de livros gregos para outros idiomas.

Estande da Grécia em Sharjah © Sissy Morfi
Estande da Grécia em Sharjah © Sissy Morfi

O design do Pavilhão Grego busca inspiração nas proporções dos templos antigos. Em seu centro está a oliveira, um símbolo conectado à identidade e cultura do país. Uma longa mesa percorre o pavilhão, servindo tanto como superfície de exibição para livros quanto como uma área acolhedora de leitura e encontro.

Dentro do pavilhão, há a exposição "Literatura Grega. A Longa Jornada", que traça a continuidade da língua e literatura gregas da antiguidade aos dias atuais. A exposição destaca obras e criadores que moldaram a identidade intelectual da Grécia e da cultura helênica, dentro e fora de suas fronteiras.

Detalhe no estande da Grécia em Sharjah © Sissy Morfi
Detalhe no estande da Grécia em Sharjah © Sissy Morfi

Dados do mercado grego

A delegação trouxe para a feira dados relevantes de seu mercado nos últimos anos. Em 2024, foram lançados e reimpressos 12.588 títulos no país. Números de 2022 dizem que a Grécia possui hoje 863 empresas e editoras ativas dentro do mercado editorial, sendo a maioria delas empresas de tamanho médio e tamanho pequeno.

O formato impresso compreende 94,2% da produção do mercado grego. No último ano, a produção do país foi dividida de forma bastante parelha entre ficção e não ficção:

Ficção: 52%

  • Literatura: 37%
  • Infantil e young adult: 25%

Não Ficção: 48%

  • Acadêmico-científica: 25%

As línguas inglesa, espanhola, alemã e italiana correspondem àquelas com mais autores que tiveram títulos traduzidos entre 2019 e 2024. Em 2024, cerca de 31,6% dos títulos do mercado grego vieram de literatura traduzida.

O preço do livro na Grécia aumentou desde 2019, com preço médio de 15,67 euros (cerca de R$ 96,40 em valores atuais) para 17,65 euros (R$ 108,60 em valores atuais), em 2024. No entanto, o Ministério enxerga que, mesmo com esse crescimento total, o livro ainda constitui um bem cultural de preço acessível.

*A jornalista viajou a convite da 44ª Feira Internacional do Livro de Sharjah.

[06/11/2025 10:23:47]
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