'As tias' reúne histórias de mulheres que carregam o peso e a leveza de muitas vidas
Entre quintais, cozinhas e correspondências, Fernanda Marra reúne, em
As tias (
Telaranha, 176 pp, R$ 58), histórias de mulheres que carregam o peso e a leveza de muitas vidas. Elas são avós, vizinhas e tias, essas figuras que provocam, educam, cuidam, ferem e amparam. Aqui, o cotidiano se constrói por cheiros aconchegantes ou intragáveis, o carinho e a violência de relações em família, as histórias doces ou grotescas que passam de vizinha em vizinha, de tia a sobrinha, e de primo em primo. Lembrança e invenção se confundem. Os contos transitam entre o real e o imaginado com a naturalidade de quem sabe que a vida raramente se completa. Ao narrar histórias violentas, sua escrita não teme o desconforto ― pelo contrário: a autora procura esta aflição, a encara, a cumprimenta, senta-se para acompanhá-la em um café demorado. Em
As tias, o leitor é convidado a escutar o murmúrio das relações familiares que nos rodeiam, das conversas de adulto por trás de portas entreabertas.