
A mostra resgata a relação entre as duas instituições e a contribuição decisiva que tiveram para a consolidação do modernismo no Brasil por meio de obras das décadas de 1940 e 1950, período em que a arte moderna se consolidou no país e em que surgiram espaços voltados à sua difusão. Entre os destaques estão livros raros e fundamentais como Jazz, de Henri Matisse, e Le cirque, de Fernand Léger, que aproximaram artistas e pesquisadores brasileiros do modernismo europeu.
O ponto de partida da exposição é a trajetória de Sérgio Milliet, um agente cultural fundamental nas histórias de ambas as instituições. Milliet foi diretor da Biblioteca entre 1943 e 1959, e também atuou na constituição do MAM São Paulo, onde foi diretor artístico e organizou a 2ª, 3ª e 4ª edições da Bienal de São Paulo, na época realizadas pelo museu.
“Sob a liderança de Milliet, a Biblioteca e o MAM abriram espaço para mostras didáticas que formaram artistas, intelectuais e ampliaram a visibilidade da produção modernista. Foi ainda na Seção de Arte da Biblioteca Municipal de São Paulo (atual BMA) que chegaram ao público as obras modernistas doadas pelo empresário norte-americano Nelson Rockefeller, um marco para a criação do MAM”, explica Cauê Alves, curador da mostra.
A exposição também evidencia a produção nacional, apresentando álbuns e livros de artista feitos quase inteiramente à mão, como os guaches de Milton Dacosta, e Fantoches da Meia-Noite (1922), de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. O percurso segue até os primeiros livros produzidos em tiragem limitada e com impressões de alta qualidade, como os da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, iniciativa conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.
Obras do acervo do MAM São Paulo também integram a mostra, trazendo à tona as tensões que marcaram a produção moderna brasileira — especialmente a disputa entre abstração e figuração, já presente na exposição inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo (1949). O percurso expositivo ainda contempla a emergência da vanguarda concretista nos anos 1950, em oposição ao abstracionismo informal, revelando a pluralidade de caminhos da arte moderna no Brasil.
“Mais do que funções distintas, a Biblioteca e o Museu partilham uma origem comum e uma missão convergente: preservar, organizar e mediar conhecimentos. São espaços de encontro e aprendizado que estimulam a pesquisa, a reflexão e a imaginação”, complementa Pedro Nery, curador da mostra.
“Integrando as comemorações dos 100 anos da Biblioteca Mário de Andrade, a exposição Do livro ao museu reafirma nosso elo histórico com o MAM. São instituições que nasceram do mesmo impulso modernista e que, um século depois, continuam a mostrar a força desse legado na vida cultural de São Paulo”, completa Rodrigo Massi, diretor da Biblioteca Mário de Andrade.
Em 2025, a instituição celebra 100 anos de existência com uma série de atividades especiais que culminam no V Festival Mário de Andrade, realizado entre os dias 24, 25 e 26 de outubro, que este ano tem como tema “Memória e Futuro”.
Serviço:
Exposição: Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade
Locais: Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 - República, São Paulo - SP) e
Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade (R. Dr. Bráulio Gomes, 139 - República, São Paulo - SP)
Curadoria: Cauê Alves e Pedro Nery
Período expositivo: 4 de outubro a 7 de dezembro de 2025
Entrada: gratuita
Classificação: livre


