'Paragens' reúne textos que abordam as mazelas de um país marcado por mudanças violentas
Roniwalter Jatobá reúne três novelas em
Paragens (
Boitempo, 184 pp, R$ 53):
Pássaro selvagem, Tiziu e a terceira,
Paragens que dá nome ao livro. Cerca de vinte anos separam a primeira da última, demonstrando, nas palavras de Flávio Aguiar, "uma viagem, uma espécie de migração que volta ao ponto de partida". Migração é a experiência que une os três textos e aborda as mazelas de um país marcado por mudanças violentas: do tráfico negreiro às peregrinações cotidianas nas grandes cidades, chegando ao êxodo rural do Norte e Nordeste rumo ao Sul do país. O operário migrante, homens e mulheres comuns que enfrentam as agruras do dia a dia, é o tema central do trabalho de Roniwalter. A novela
Pássaro selvagem conta a história de um menino que se muda para a cidade grande, saindo de uma povoação impactada pela construção da rodovia Rio-Bahia. Já
Paragens evoca o mergulho em si mesmo de um personagem que, depois de várias migrações, percorre as ruas inundadas de São Paulo e as estações de trem, até seu destino, que é nenhum. Sua última frase é: "Sigo calado, molhado, bestando".
Em
Tiziu, Agostinho Xavier conta sua jornada. Após perder a mão em um acidente de trabalho, se vê solitário na cidade grande. Desesperado pela falta de auxílio que não chega, deixa-se tomar por um arroubo de violência.