'Gozo fabuloso' é o 'delírio combinatório de extrair do restrito infinito dos entrechos possíveis uma história sem par, delícia só comparável à de cantar uma canção bonita'
Este livro é uma pequena preciosidade. Conhecido pela poesia,
Paulo Leminski (1944-1989) também foi um exímio ficcionista, como se pode notar em livros como
Catatau (1975) e
Agora é que são elas (1984). Durante anos, o poeta organizou um volume que reunia uma deliciosa seleção de narrativas curtas, crônicas e textos esparsos. Depois de sua morte, o livro foi enviado a seu editor, mas antes que fosse lançado, ele também morreu e o livro ficou perdido. Anos mais tarde, ressurgiu durante uma mudança e ganhou, enfim, sua primeira edição em 2004. O que é, então, esse
Gozo fabuloso? (
Todavia, 160 pp, R$ 69,90). Nas palavras do autor, tão imediatamente reconhecíveis a qualquer um de seus fãs, é o “delírio combinatório de extrair do restrito infinito dos entrechos possíveis uma história sem par, delícia só comparável à de cantar uma canção bonita”. Para a poeta Alice Ruiz, sua companheira e, ao lado dele, organizadora deste volume, é um “esquisito legal”. Como toda a obra de Leminski, é um livro difícil de definir: erudito, pop, cômico e lírico, tudo isso às vezes num mesmo conto.