Livro 'Uma vida imaginária' reúne entrevistas em que Manguel revisita sua trajetória
Alberto Manguel se tornou conhecido por ter sido, ainda adolescente, leitor oficial de ninguém menos que Jorge Luis Borges. Nas entrevistas de
Uma vida imaginária (Edições Sesc, 132 pp, R$ 68 – Trad.: Alberto Manguel do Amaral), contudo, feitas de forma simultaneamente densa e leve por Sieglinde Geisel, o leitor descobre quantas outras facetas compõem o homem, leitor e escritor Alberto Manguel. Longe de ter se tornado quem é por sua convivência com o mestre, foi por Manguel já ser quem era que Borges o escolheu. Tido como uma das pessoas que mais leu no planeta, esse colecionista e humanista escreve como quem procura dar conta daquele livro total, daquela Babel com que seu mestre sonhava. Há dez anos, Manguel lê, todas as manhãs, um canto da
Divina comédia de Dante, obra que conhece de cor. Em seus livros, como
Uma história da leitura,
O leitor como metáfora e
Os livros e os dias, entre muitos outros, é como se Manguel se tornasse Virgílio, o guia de Dante, conduzindo o leitor pelos círculos do inferno, pelo purgatório e pelo céu da literatura, cujo centro, ou Beatriz encarnada, é a própria
Divina comédia. Para cada pergunta da crítica Sieglinde, nesta entrevista-diálogo, o escritor lembra de obras que explicam, exemplificam, mas principalmente problematizam questões fundamentais.