O Espaço Rebentos é uma das principais novidades da edição d'A Feira do Livro deste ano. A área dedicada ao público infantojuvenil tem sido um dos espaços protagonistas ao longo dos dias da programação. Durante a semana, em que o evento recebe menos visitantes do que nos dias de fim de semana e feriados, o Espaço chama ainda mais atenção como um dos estandes mais movimentados por conta das excursões escolares. A programação do espaço compartilha a agenda com o restante da programação oficial, que, na terça (17), destacou a vivência e a escrita de escritoras mulheres. Neste mesmo dia, A Feira do Livro também foi incluída no Calendário Oficial de Eventos da Cidade de São Paulo, agora em lei sancionada.

As escolas parceiras realizam um itinerário ao chegarem na Praça Charles Miller: vão primeiro ao Museu do Futebol, e depois realizam uma visita à Feira. A dinâmica de cada passeio é variada a depender da escola. No caso dos alunos mais jovens, a tendência é ficarem mais concentrados em grupos e nas atividades realizadas no próprio estande do Espaço Rebentos. Já alguns grupos de crianças e adolescentes mais velhos podem ir para a Feira com uma proposta mais exploratória, podendo inclusive levar o próprio dinheiro para fazer compras e passear de forma independente pelo espaço da Praça.

No passeio, estudantes das escolas parceiras também recebem um lanche. Também é possível participar de oficinas com instituições parceiras, como a Vaga Lume e o Instituto Acaia. O passeio termina às 17h, quando os alunos se concentram para pegar o ônibus de transporte de volta.

O Rebentos aposta em uma programação ancorada em bastante interação e diversidade temática. Até agora, participantes do estande montaram gatos alados, viram shows, fizeram tatuagens e até tiveram uma aula de yoga, além, claro, das oficinas de contação de histórias realizadas diariamente.

A curadoria, a cargo da jornalista e produtora cultural Juliana Vettore e da jornalista Jaqueline Silva, responsável pela cobertura infantojuvenil da revista Quatro Cinco Um, é uma versão para crianças do que se vê nos palcos voltados para o público adulto d’A Feira do Livro, com a literatura como eixo principal e temas em pauta na educação e no debate público, como cultura indígena, política, meio ambiente, cultura afro-brasileira, entre outros.

A Feira do Livro no Calendário Oficial

Nesta terça-feira, foi sancionado o projeto de Lei N˚ 18.274, que altera o Calendário de Eventos Oficial da cidade de São Paulo, com a inclusão da realização d'A Feira do Livro anualmente, durante o feriado do Corpus Christi. Foi inserido um inciso no Art. 7 na Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007, com a alteração do calendário.

"A Feira do Livro de São Paulo, realizada no feriado de Corpus Christi, com a possibilidade de extensão para dias adicionais ao feriado, com o objetivo de promover evento cultural composto por feira de livros com bibliodiversidade de expositores, debates e mesas literárias com nomes consagrados e expoentes da literatura, oficinas educativas e lúdicas sobre a cultura do livro e a leitura, promovendo o desenvolvimento econômico e social do mercado editorial, em cooperação com os órgãos competentes", diz o texto da Lei.

Painéis

No quarto dia de Feira, todos os painéis do Palco Petrobrás – o principal da Feira – tiveram como foco discussões entre autoras mulheres. O painel das 15h30 teve como objetivo destacar uma "nova geração" de escritoras, com Andressa Marques e Lavínia Rocha abordando o tema da construção e da desconstrução de imagens na literatura. Lavínia, que já foi convidada no Podcast do PublishNews, compartilhou sobre a experiência de leitura do livro O que você pensa quando falo África? (Yellowfante), que simula o exercício realizado por ela em sala de aula com seus alunos do ensino do ensino básico. Nesta quarta (18), Lavínia participou ainda de uma atividade com 80 alunos no Espaço Rebentos, às 12h30.

Às 17h15, as autoras Ryane Leão e Daniela Arrais realizaram um bate-papo sobre o processo da escrita e a coragem para tornar-se escritora. Ryane Leão, autora do lançamento ninguém pode parar uma mulher ventania (Planeta), falou sobre a literatura como possibilidade de expressão e de lugar no mundo: "Comecei a escrever quando comecei a me ver possível. Me interessa dizer e ser ouvida de volta". Dentro de sua trajetória, destacou seu compromisso com a escrita e a importância de ser uma mulher negra com livro publicado no Brasil, bem como o reconhecimento e popularização de suas obras entre jovens da periferia, que vê como uma mudança estrutural relevante. "A travessia era concretizar o livro", afirmou Daniela Arrais. Ela revelou o desejo de ter um registro material no mundo de quem ela era.

Mais cedo no evento, às 13h, no Espaço Motiva, um dos tablados do evento, a curadora da Flip Ana Lima Cecílio mediou a conversa entre Humberto Werneck e Fabrício Corsaletti. Os escritores discutiram sobre o tom às vezes humorado, às vezes melancólico da crônica, e a atual relação do leitor com o gênero. Eles também detalharam sobre o processo de escrita envolvido em seus livros Um milhão de ruas (Editora 34), de Corsaletti, e Viagem no país da crônica (Tinta-da-China Brasil), obra que comemora os 80 anos de Werneck.

Em 2025, a organização espera pelo menos 110 mil pessoas na praça Charles Miller. Serão cerca de 250 eventos, quase 100 a mais do que no passado.

SERVIÇO
A Feira do Livro
Funcionamento durante a semana das 12h às 21h
Local: Praça Charles Miller, Pacaembu, São Paulo
Confira a programação completa