É não apenas a imagem, mas sobretudo a voz de Claudia Wonder, multiartista, travesti e militante paulistana, que povoa as páginas de
Flor do asfalto (Ercolano, 184 pp, R$ 89,90). Claudia foi plural: dublou divas em cabarés, gravou canções de rock, participou de montagens no teatro de vanguarda com José Celso Martinez Corrêa, posou nua em revistas masculinas, atuou em pornochanchadas e filmes pornográficos, além de ter revolucionado o rock nacional com uma performance antológica. Além disso, teve um filho e se empenhou na luta por direitos LGBTI+ e de pessoas que convivem com o vírus HIV.
Flor do asfalto percorre vida e obra de Claudia desde seu nascimento em São Paulo, em 1955, visitando o período em que ela frequentou os palcos e inferninhos da cidade, nos últimos anos da ditadura militar, e viaja também para a Europa, onde a artista passou algumas temporadas. Sets de cinema, a redação da revista G Magazine e a própria capital paulistana são outros cenários por onde Claudia desfila ao narrar sua história. Organizado a partir de entrevistas concedidas a Dácio Pinheiro, o livro nasce do encontro do cineasta com Claudia, que resultaria no primeiro longa-metragem de Dácio,
Meu amigo Claudia.