Em segundo livro, Tatiana Azevedo resgata as histórias e feitos de grandes mulheres para a construção da história do Brasil
A literatura não é um atrito capaz de alterar fatos ocorridos no passado. Ainda assim, a escrita é uma possibilidade de narrar novamente essas histórias (sobretudo no plural, para não enfrentarmos o perigo de uma história única), de outro modo que não aquele contado pelos “vencedores”. Em
Existe a terra (7 Letras, 72 pp, R$ 48), de Tatiana Azevedo, a herança colonial e violenta que há anos se impõe no país é perturbada pelo desejo de arrombar senzalas organizar revoltas, e assim resgatar identidades quase apagadas como a de Catarina Paraguaçu, indígena tupinambá que foi a primeira a ler escrever e apagar a história da colonização. Os versos comprometidos com o ato político também afirmam nomes conhecidos, como o da cantora Dona Ivone Lara, o da ex-presidenta Dilma Rousseff e o da célebre psiquiatra Nise da Silveira, que ao longo da vida desenvolveu mania de liberdade. A autora faz do poema um campo de luta, para que ninguém mais seja soterrado pelos discursos dominantes de gênero.