Publicado pela Perspectiva, livro 'Psicanálise na ditadura' reconstitui o papel desempenhado pela psicanálise no Brasil durante o período ditatorial entre 1964 e 1985, com base em ampla pesquisa
Seja por apresentar a história da psicanálise durante a ditatura militar brasileira, período no qual ela se institucionaliza, ganha reconhecimento e se dissemina, mas também por expor o que, como sociedade, encobrimos e silenciamos,
Psicanálise na ditadura (Perspectiva, 448 pp, R$ 129,90), de Rafael Alves Lima, é uma obra de duas vias que se entrelaçam por todo o percurso da pesquisa. Último país do Cone Sul a passar a limpo as responsabilidades pelos crimes cometidos pela ditadura, o Brasil não conseguiu tirar da Comissão da Verdade nenhuma consequência prática. Ao contrário, permitiu que pairasse sobre nossa vida político-institucional o fantasma da ditadura, nos assombrando como sintoma de uma neurose, que viola e corrompe. O objetivo do livro é reconstituir o papel desempenhado pela psicanálise no Brasil durante o período ditatorial entre 1964 e 1985, com base em pesquisa nos arquivos, desde a aliança de ocasião do autoritarismo militar com setores liberais da sociedade civil, passando pelo endurecimento do regime nos últimos anos da década de 1960 e início da de 1970, até o período da abertura política nos anos 1980. O autor analisa crítica e factualmente como se portaram os movimentos psicanalíticos frente às injunções da ditadura. O prefácio é assinado por Christian Dunker.