Devastação ambiental em poesia
PublishNews, Redação, 24/09/2024
A obra traz para a ecopoesia as feridas da terra esburacada e das pessoas atingidas
O peito perfurado da terra (Arpillera, 64 pp, R$ 49,90) traz poemas criados a partir de uma tragédia socioambiental, o afundamento de bairros inteiros de uma das capitais do nordeste: Maceió. Perfurações no solo ocorridas desde a década de 70, tremores de terras, rachaduras nas casas e ruas, realocamento de mais de 60 mil pessoas, todos esses cenários se erguem (e afundam) nos versos. A terra surge personificada, como corpo ferido e desnudo. Há poemas concretos que evocam imagens da tragédia. Em outros, essa fotografia se desenha na mente, pela descrição sensorial. Há ainda textos que universalizam e conectam o tema local a outras tragédias ambientais e sociais da atualidade. A obra traz para a ecopoesia as feridas da terra esburacada e das pessoas atingidas. No prefácio, a escritora alagoana Milena Maria Testa diz que “nada mais bem-vindo em tempos de discussões acirradas sobre mudanças climáticas, migrações causadas por alterações no meio ambiente e gradual escassez de recursos naturais que sustentam a vida – incluídos os seres humanos – há tantas gerações”.