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Antropóloga peruana Marisol de la Cadena vem ao Brasil lançar a obra 'Seres-Terra'
PublishNews, Redação, 17/07/2024
Em obra seminal publicada pela Bazar do Tempo, pesquisadora parte de colaboração com lideranças andinas para propor um novo modo de pensar e praticar a política inspirado no povo Quíchua

Capa do livro 'Seres-Terra', de Marisol de la Cadena | © Bazar do Tempo
Capa do livro 'Seres-Terra', de Marisol de la Cadena | © Bazar do Tempo
A antropóloga peruana Marisol de la Cadena vem ao Brasil lançar a obra Seres-Terra (Bazar do Tempo), a convite do Museu do Amanhã. No dia 18 de julho, às 19h, ela participa da abertura da programação "Conversas para o Amanhã", que terá uma roda de conversa com Fernanda Kaingáng, diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, e mediação da filósofa Alyne Costamarca. No dia 20 de julho, às 16h, ela lança o livro na Janela Livraria do Jardim Botânico (Rua Maria Angélica, 171B, Jardim Botânico – Rio de Janeiro / RJ).

Seres-Terra é baseado em um trabalho de campo realizado nos Andes peruanos com Mariano Turpo e seu filho, Nazario Turpo, xamãs e lideranças políticas do povo Quíchua, das cercanias de Cusco, no Peru. Inspirada por pensadoras feministas, dos campos da antropologia e da filosofia das ciências, Marisol desenvolve um trabalho etnográfico que se tornou referência ao valorizar a tradução, com todas as brechas e incompletudes que lhes são inerentes, como possibilidade de encontro entre mundos que, embora conectados, permanecem distintos.

No livro, os leitores são apresentados a seres que excedem qualquer possível categorização como "humanos" ou "não humanos" – é o caso, por exemplo, de Ausangate, poderoso integrante da comunidade cosmopolítica dessa região andina, que é "muito mais" que uma montanha.

No texto de apresentação da obra, Robert J. Foster e Daniel R. Reichman afirmam que, por meio de seu trabalho etnográfico colaborativo com os Turpo, de la Cadena traça mudanças na política de povos indígenas no Peru, do liberalismo e socialismo dos anos 1950 ao multiculturalismo neoliberal dos anos 2000. “Mariano Turpo foi um ator-chave no movimento de reforma agrária peruano, que nos anos 1960 pôs fim a um sistema de peonagem que mantinha as pessoas nativas vinculadas à hacienda em que haviam nascido. Décadas depois, Nazario Turpo trabalhou como um xamã andino, guiando grupos internacionais de turistas em Cusco. Ele também foi convidado para trabalhar como consultor na mostra quíchua no Museu Nacional do Índio Americano, em Washington.”

Para Eduardo Viveiros de Castro, o livro de Marisol “é a prova definitiva das potencialidades de uma etnografia engajada na descolonização do nosso pensamento, a partir do desafio colocado pela “diferença radical” que a vida dos povos extramodernos coloca para nossas possibilidades de compreensão.”

Marisol de la Cadena é antropóloga, nascida em Lima, Peru. Formada em Antropologia em seu país natal, continuou seus estudos na França, Inglaterra e Estados Unidos. É professora da Universidade da Califórnia, Davis. Suas pesquisas indicam um profundo interesse pelas teorias feministas e pela questão da coexistência de mundos parcialmente conectados, sejam eles humanos e não humanos, ocidentais e indígenas, científicos e extra-científicos. Seu livro Seres-terra, lançado originalmente em 2015, recebeu o Senior Book Prize da Association for Feminist Anthropology.

[17/07/2024 11:00:00]
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