DarkSide® Books publica 'Casa de Folhas', clássico moderno do horror escrito por Mark Z. Danielewski
PublishNews, Studio PN, 30/04/2024
Inédito no Brasil, livro é um celebrado clássico moderno do horror e da literatura experimental e que conta com tradução de Adriano Scandolara e diagramação de Lilian Mitsunaga


Uma nova experiência de leitura. É isso que a obra Casa de Folhas: Limited Edition Full Color, de Mark Z. Danielewski, pretende entregar aos leitores.

Após anos de pedidos – a obra foi originalmente publicada nos anos 2000 –, a DarkSide® Books traz aos leitores brasileiros o celebrado clássico moderno do horror e da literatura experimental. A edição, inédita no Brasil e totalmente colorida, conta com selo de aprovação do autor, tradução de Adriano Scandolara e diagramação de Lilian Mitsunaga.

São diversos os motivos que tornam a obra de Danielewski uma leitura necessária e não é à toa que o livro ganhou fama pela sua complexidade narrativa e estilística. Só para citar alguns deles: Casa de Folhas é fruto de um processo de escrita que durou anos; é uma obra visualmente distinta de todas as outras; conta com uma diagramação experimental que completa a experiência de leitura; e até hoje inspira pesquisas acadêmicas, obras de arte que vão de músicas a games, e até mesmo lendas urbanas.

Após sua publicação, em 2000, a obra ganhou um status de culto no mundo inteiro. Se parte disso se deve às histórias e discussões profundamente humanas que permeiam a obra, parte também se deve às suas características físicas e estilísticas únicas.

Após extensa pesquisa, a obra de Danielewski homenageia a literatura de horror e seus criadores, e tem a casa e o livro como eixos desse experimento literário cercado de metalinguagem. Na obra, diversas vozes se sobrepõem em torno de uma suposta publicação acadêmica, com citações, formatação, apêndices e índice remissivo, e se tornam parte da narrativa.

Sinopse

Casa de Folhas começa com a narração de como Johnny Truant, um problemático funcionário de um estúdio de tatuagem em Los Angeles, que se depara com os escritos de Zampanò, um idoso cego e recluso encontrado morto em seu apartamento. Nesses escritos, Zampanò conta a história de uma família que vive numa casa onde as leis da física não existem tal como as conhecemos.

Na narrativa, pontuada por notas de rodapé com comentários de Truant, Zampanò faz uma análise profunda de como nem o fotojornalista Will Navidson, vencedor do Prêmio Pulitzer, nem sua companheira Karen Green estavam preparados para enfrentar as impossibilidades físicas de sua nova casa na Ash Tree Lane, Virginia (EUA), um lar onde o lado de fora e o de dentro tinham dimensões diferentes.

Quanto mais Johnny Truant lê sobre a casa, mais atordoado ele fica. A paranoia o assola. Ele não pode simplesmente descartar os escritos de Zampanò como se fossem as divagações de um velho maluco, pois está começando a notar as coisas mudando a cada dia ao seu redor…

Enquanto isso, na história dentro da história, Navidson organiza grupos de expedições pelo cômodo secreto que fica do outro lado da porta de um armário de um dos quartos desta casa misteriosa. Conforme os membros do grupo avançam, esse cômodo escuro e vasto parece mudar de forma e brincar com seus medos, sensações e apreensões. O grupo deve enfrentar um abismo cada vez mais insondável e o rosnado sinistro que rompe as paredes e consome todos os sonhos deles.

Tradução

“Traduzir Casa de Folhas foi, como esperado, um desafio”, comenta Adriano Scandolara, responsável pela tradução da edição brasileira que conta com nada menos do que 740 páginas.

“O primeiro trabalho, mais basal, por assim dizer, foi acertar o estilo dos narradores, que são bem distintos e marcados, o Johnny com essa pegada mais marginal, o Zampanò com o tom acadêmico, depois tem todo um monte de jogos de palavras, poemas, trocadilhos mais pontuais, que já são uma coisa comum na prosa literária, mas é sempre uma dorzinha de cabeça para resolver de um jeito satisfatório e faz toda a diferença para a leitura”, confessou.

Sobre a parte mais pesada, Adriano cita os delírios de Johnny, os códigos com acrósticos e os trechos que brincam com a diagramação: “Entre eu mandar um primeiro esboço da introdução, no começo, e os últimos arquivos traduzidos, passaram-se aí uns oito meses”.

“Acho que a minha parte favorita foi a carta cifrada da mãe do Johnny nos apêndices. Eu já tinha experiência com umas obras complexas, tradução de poesia antiga e de literatura experimental – até já arrisquei trechos do Finnegans Wake, do Joyce. Mas essa foi a primeira vez que eu encarei um trabalho assim mais de fôlego com esse grau de complexidade e de expectativa do público”, contou.

Diagramação

A cada página e a cada porta aberta, o livro se transforma em um mapa arquitetônico literário que guia o leitor por cada cômodo, porão e quartos secretos onde paredes invisíveis ainda conduzem a um horror labiríntico e claustrofóbico. Uma obra rara que manifesta no livro e na casa toda sua beleza, poesia e horror. Uma verdadeira planta baixa do real e do insólito, em que a dualidade dessa coexistência agrega concretude aos nossos medos e ao vazio de nunca mais existirmos sem a materialidade da palavra.

Algumas páginas contêm apenas algumas palavras quebradas ou linhas espaçadas de texto, dispostas de modo que reflitam os eventos da história. Outras são verdadeiros caligramas, formando imagens a partir de letras. Temos também jogos de linguagem com textos espelhados, sobrepostos, de ponta-cabeça, fora de ordem, em idiomas, fontes e cores variadas. Nada é aleatório, todas essas experimentações dialogam diretamente com a história, a mente e os atos dos personagens.

“Nunca peguei nada parecido para diagramar”, confessa Lilian Mitsunaga que foi montando o livro conforme os capítulos eram liberados. Mesmo assim, a diagramação propriamente dita, levou mais ou menos um mês.

O mistério na diagramação de Lilian Matsunaga
O mistério na diagramação de Lilian Matsunaga
Sobre os bastidores do seu trabalho, Lilian compartilha um momento em especial que a marcou – não necessariamente da maneira mais agradável. “Acho que uma coisa que aconteceu no meio do livro quase provocou um infarto em mim… trabalhei em um arquivo dos italianos e lá pelas tantas o arquivo deu um ‘pau’ e algumas páginas ficaram com uma tarja preta. Uma coisa de doido… se eu acreditasse em fantasmas…”, comentou.

Lilian contou ainda que não conseguia tirar a tal tarja por nada e que até agora não sabe exatamente o que aconteceu. “Depois de uma luta com o InDesign, eu consegui recuperar. Isso foi tenso. Esse episódio dá o que falar, principalmente para quem já terminou de ler o Casa”, comenta deixando um suspense no ar.

“No mais eu achei uma delícia de trabalhar. Gosto dessas coisas diferentes. Espero que as pessoas que apreciem o gênero gostem. Eu achei demais!! Parece grande, mas você devora rapidinho”, recomenda.

Inspirações

Em entrevista à DarkSide® Books, o autor Mark Z. Danielewski, ainda em relação a diagramação, citou a novidade da retórica dos filmes e de entender como eles são editados – algo que aprendeu com seu pai, o cineasta Tad Danielewski. “Não é apenas pegar uma imagem e daí colocar outra imagem. É a maneira como os ângulos são divididos, sejam eles de cima ou de baixo, a posição do foco na tela, o movimento, a maneira como você consegue desacelerar a resposta do público a uma cena adotando cortes particularmente longos, daí acelerando a experiência através de cortes rápidos e movendo o ponto focal pela cena.”

Ainda sobre seu pai, Danielewski comentou sobre a influência dele e das obras audiovisuais em seu livro, o que fez com que até hoje Casa de Folhas inspire – além das obras de horror – cinéfilos mundo afora. “Até hoje recebemos menções de acadêmicos de cinema, que identificam todas as várias referências de filmes que estão ali, desde Nouvelle Vague, até as origens do cinema, e todos aqueles pequenos gestos e momentos que os leitores percebem. Isso é bem fascinante, porque de alguma maneira há uma história, embora sombria, do cinema que está contida nas rubricas daquela casa”.

Por que comprar Casa de Folhas?

“De alguma maneira, você é uma companhia de Casa de Folhas quando tem o livro”, diz o próprio autor sobre a obra. Para ele, Casa de Folhas é um livro para ser rabiscado, curtido e apreciado. “Adoro qualquer livro com rabiscos. E ainda existe aquela experiência maravilhosa de poder ler o livro pela primeira vez e descobrir como ele realmente é”, completa.

Literatura e música

Você sabia que Casa de Folhas tem a playlist perfeita para acompanhar sua leitura?

Isso porque no mesmo ano do lançamento do livro de Mark, a irmã dele, a artista conhecida como Poe, lançou um álbum chamado Haunted, o complemento perfeito para a leitura.

O som combina noções tradicionais de pop, com música eletrônica, dance e hard rock. Produzido por conta própria, o álbum serve tanto como um tributo ao pai deles, Tad Danielewski, como um complemento a Casa de Folhas. Traz trechos de gravações feitas pelo pai de Poe e Mark, a partir de fitas encontradas por eles após sua morte.

Mais do que uma simples relação de causa e efeito, há também referências de Haunted no livro de Danielewski, como quando Johnny Truant encontra uma banda que toca uma música intitulada 5 & 1/2 minute Hallway – exatamente o título da oitava faixa de Haunted.

Dica: Duas músicas em especial, Wild e Hey Pretty, também são bem úteis para ajudar a compreender como a casa interage e impacta os personagens do livro.

Pessoas que já leram o livro e fizeram isso ouvindo Haunted afirmaram que foi uma experiência ainda mais completa.

Casa de Folhas e o found footage

Found footage nada mais é do que um subgênero ao audiovisual no qual o filme se passa por um documentário filmado com uma simples câmera. Casa de Folhas, por outro lado, se tornou um clássico inspirador do horror e da literatura experimental inédito e quando foi lançado pouco se falava do gênero

Por isso, ao invocar diversos tropos literários do horror, como a casa insólita, a loucura lovecraftiana e ambientes agorafóbicos, Casa de Folhas abriu um leque de inspirações para o cinema e também para outros formatos midiáticos. Considerando que parte importante do livro é justamente a história de um documentário fictício, faz sentido que vários found footage tenham encontrado ali sua inspiração.

Casa de Folhas é um grande acontecimento literário e suas influências são infinitas. Um romance inspirador e que engaja o leitor da primeira até a última página.

Para transportar as experimentações estilísticas e formais do livro ao português brasileiro, foram necessários anos de trabalho dedicado da equipe da DarkSide® Books. Uma obra que vale a pena ser lida.

Casa de Folhas
Autor: Mark Z. Danielewski
Tradução: Adriano Scandolara
Editora: DarkSide® Books
Diagramação: Lilian Mitsunaga
Páginas: 740
Preço: R$ 295,85
Onde comprar: DarksideBooks.com.br

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