Dublinense busca novas oportunidades com lançamento de livros em coleções
PublishNews, Guilherme Sobota, 12/03/2024
Editora passa a lançar livros em conjunto como forma de aprimorar processos internos, comunicação e logística; títulos da Coleção de Outono 2024 entram em pré-venda

Coleção de Outono 2024 chega com cinco livros inéditos | © Dublinense
Coleção de Outono 2024 chega com cinco livros inéditos | © Dublinense
A editora Dublinense lança nesta terça-feira (12) não apenas um novo conjunto de livros inéditos, mas também uma forma particular de trabalhá-los. Com o objetivo de otimizar os processos internos, ter uma janela maior de comunicação e sair em busca de oportunidades diversas para seus lançamentos, a editora criada no Rio Grande do Sul passa a lançar os livros em coleções de acordo com as estações, como na moda. Hoje, saem os livros da Coleção de Outono 2024 – os livros não têm exatamente um fio condutor entre si, além da marca da curadoria já estabelecida da casa que em 2024 completa 15 anos de existência.

São cinco títulos inéditos – os primeiros que a editora lança desde novembro de 2023. Agora, são quatro romances e um livro de ensaios, de quatro línguas diferentes, por autores de cinco nacionalidades. "Nada muda na linha editorial da Dublinense, que segue comprometida com a diversidade e qualidade literária, com a ousadia curatorial e com a busca de temáticas relevantes", diz uma nota da editora.

A Coleção de Outono 2024 é composta por:

  • Boulder, romance da catalã Eva Baltasar, fenômeno editorial no ano passado, quando foi indicado ao International Booker Prize (tradução de be rgb e Meritxell Hernando Marsal);
  • O vício dos livros, livro de ensaios do português Afonso Cruz sobre a leitura;
  • A patroa, romance da francesa Hannelore Cayre adaptado ao cinema e que mostra o submundo parisiense do tráfico de maconha (tradução de Diego Grando);
  • Cantoras, romance de Caro De Robertis, de origem estadunidense-uruguaia, sobre cinco amigas que constroem um refúgio no litoral uruguaio durante a ditadura daquele país (tradução de Natalia Borges Polesso);
  • Merci, romance experimental do brasileiro Robertson Frizero, que com seu livro anterior foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e teve os direitos vendidos para vários países e também para o cinema.

A data oficial de lançamento dos livros é 30 de abril, mas todos já entram em pré-venda nesta terça-feira (12) nas principais livrarias online. Os títulos serão vendidos separadamente também. Um lote limitado da coleção completa estará à venda por um preço promocional e com itens especiais no site da editora. Novas edições e reimpressões de livros do catálogo não fazem parte das coleções.

Alguns dados da editora destacam um fato curioso: mesmo sem lançamentos novos desde novembro, faturamento e volume de vendas cresceram comparando o início de 2024 com o ano anterior. Nos dois primeiros meses deste ano, o faturamento foi 25% maior em relação ao mesmo período de 2023; em termos de exemplares vendidos, o crescimento no período foi de 43%, segundo dados da casa.

De acordo com um dos sócios da Dublinense, Gustavo Faraon, o também sócio e editor Rodrigo Rosp começou a discutir um sentimento de estar constantemente correndo atrás de uma onda, atrás do próximo lançamento bombástico. O trabalho cotidiano, mesmo de uma editora relativamente pequena e com poucos lançamentos, vinha dando a sensação de atropelo, sem tempo para desenvolver trabalhos mais longos com os livros e de se comunicar com os leitores e os meios de comunicação.

"Aí o Rodrigo veio com essa ideia que a princípio estranhei, mas fui convencido", explica Faraon numa conversa com o PublishNews em São Paulo, onde vive. "Hoje, não é só a disputa dentro do mercado editorial – que já tem muitas editoras pequenas e médias fazendo trabalhos relevantes. A briga por atenção fora do mundo do livro é cada vez mais concorrida, tem muita coisa acontecendo. Como a cada três semanas tu vai chegar e pedir atenção para um livro novo? O cerne da nossa ideia de colocar em coleção é trazer as novidades a cada três meses e propor meio que um pacto", explica.

Equipe da editora Dublinense | © Dublinense
Equipe da editora Dublinense | © Dublinense
Faraon acredita que o modelo pode inclusive contribuir para as vendas da editora ao mercado livreiro, conforme livrarias vão entendendo as características dos livros, por exemplo. Com o ritmo diferente, o próprio setor comercial da casa pode dar mais atenção às lojas, buscando aprimorar a comunicação – há planos de desenvolver vídeos sobre os livros para mostrar aos livreiros, por exemplo.

Para os leitores, é uma oportunidade de dar a conhecer melhor os livros da editora. "Sempre publicamos livros bem diferentes uns dos outros, mas, lançando em conjunto, acredito que ofereça ao leitor uma amostra representativa da editora", explica.

Outro objetivo é aprimorar os processos internos da editora. "Pela primeira vez em 15 anos, sei o que vou publicar daqui até o fim do ano. Sei a data que a gráfica vai me entregar os livros", diz Faraon. "A desorganização custa caro, muitas vezes". Processos de gestão – "vamos conseguir rodar todos os livros de uma vez, o que pode gerar oportunidades de negociação com as gráficas" – e de logística (fretes também serão concentrados) também devem ser aprimorados. "A ideia é racionalizar os recursos", explica. "Não sei o que vai acontecer na prática. Não é a nossa expectativa bombar e virar best-seller, mas há uma expectativa de ser melhor percebido", comenta.

[12/03/2024 09:16:57]