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Dia da Mulher: Confira as indicações de livros feitas por mulheres do mercado editorial
PublishNews, Talita Facchini, 08/03/2024
O PublishNews pediu para profissionais do setor indicarem livros que são importantes para elas e merecem ser compartilhados

Com raízes históricas profundas, o Dia Internacional da Mulher é comemorado desde o início do século 20 e a cada ano fica mais forte a reivindicação pela igualdade de gênero e as lutas por respeito e segurança das mulheres.

Violência física e psicológica, igualdade de salários, liberdade sexual, direitos LGBTQIA+, maior participação política e a presença em cargos de liderança são só alguns dos inúmeros temas que ainda precisam ser discutidos, mas que podem ser encontrados nos livros.

Pensando nisso, o PublishNews pediu para mulheres do mercado editorial brasileiro indicarem livros que tenham algum significado para elas e que merecem ser compartilhados.

  • Mariana Figueiredo – Diretora de comunicação da Companhia das Letras

Garota, Mulher, Outras, de Bernardine Evaristo

Neste livro sensacional, que ganhou o Booker Prize em 2019, Bernardine Evaristo mergulha nas profundezas da experiência feminina, explorando várias vozes e perspectivas em um texto atual sobre raça, identidade e sexualidade. Foi uma leitura que me impactou muito na época da pandemia, quando foi lançado por aqui.

Ele se passa em uma Londres dividida e hostil, logo após a votação do Brexit, onde as pessoas lutam para sobreviver em um ambiente de pouca esperança e onde suas necessidades e vozes são negligenciadas e ignoradas. Nessa atmosfera opressora, as personagens (jovens adultas que sonham com um futuro melhor e enfrentam obstáculos em seus processos de autoconhecimento, ou ainda mulheres experientes que trazem questionamentos sobre as mudanças socioculturais ao longo do tempo) acabam por trazer reflexões importantes sobre machismo, racismo e a estrutura da sociedade.

Definitivamente, Garota, mulher, Outras, é um livro que todos deveriam ler e conversar sobre.

  • Luciana Borges – Diretora comercial da Companhia das Letras

Minha história, de Michelle Obama

Não é só um livro de uma mulher incrível. Nele, além da história da Michelle inteligente que foi fundamental no apoio à carreira do primeiro presidente negro da história dos EUA, mostra também as fragilidades, as dores e as frustrações de uma mulher que precisa se dividir entre família, amigos, carreira e maternidade. Ela é uma mulher que mesmo contra todas as probabilidades de crescer na vida (pobre e negra) cresceu nunca se esquecendo de suas raízes, da sua base e de onde veio preservando valores fundamentais, por isso tão impactante. Nos vemos em várias passagens do livro. É uma realidade de muitas de nós. recomendo fortemente a leitura.

  • Cinthya Müller – Coordenadora comercial da Planeta

Frida: A biografia, de Hayden Herrera

Como não poderia deixar de ser minha indicação é a biografia master da minha musa absoluta Frida Kahlo escrita por Hayden Herrera.

Frida é muito mais do que uma artista, ela foi uma mulher inspiradora, que deu a volta em muitas provações que a vida lhe impôs, como a poliomielite, o acidente e ainda todos os abortos espontâneos e ainda sim seguiu e se tornou um ícone da arte moderna. Frida definitivamente era uma força da natureza.

Outros jeitos de usar a boca, de Rupi Kaur

A escrita direta da Rupi me atravessou de uma forma absurda quando a li pela primeira vez, a crueza das palavras descrevendo as dores que infelizmente as mulheres conhecem de forma poética me fez entender que não estou sozinha e que mais do que isso, nós não estamos sozinhas e aproveitando o espaço deixa esse texto aqui:

"Quero pedir desculpa a todas as mulheres que descrevi como bonitas antes de dizer inteligentes ou corajosas. Fico triste por ter falado como se algo tão simples como aquilo que nasceu com você, fosse seu maior orgulho, quando seu espírito já despedaçou montanhas. De agora em diante vou dizer coisas como, “você é forte” ou “você é incrível!”, não porque eu não te ache bonita, mas porque você é muito mais do que isso."

  • Telma Kobori – Gerente do catálogo infantil e juvenil do Grupo Autêntica

Sozinha, de Keka Reis

Este livro mexeu muito comigo, me vi ora na pele da protagonista, uma adolescente que perde a mãe, ora no coração da mãe dela... Um livro que todo mundo devia ler, pois ele nos entrega a história emocionante de estar sozinha e entender que nunca estaremos.

Procura-se Carolina, de Otávio Jr e ilustração de Isabela Santos

Eu indico este livro para as crianças e adultos, ele vai contar a história de Carolina, uma menina que não é muito chegada em leitura e sem querer encontra uma caixa cheia de livros da Carolina Maria de Jesus e fica curiosa pela história dessa mulher incrível.

  • Flávia Lago – Editora sênior do Grupo Autêntica

Onde vivem as monstras, de Aoko Matsuda (Trad.: Rita Kohl)

Um equilíbrio perfeito entre humor, feminismo e histórias de fantasmas tradicionais japonesas. Um livro divertido e inesquecível. O cenário e a atmosfera dos contos são fabulosos, a forma como a autora entrelaça as histórias e nos leva para a realidade das mulheres no Japão também é sensacional. Traduzido direto do japonês pela Rita Kohl, capa da Ing Lee e Cristina Gu. Imperdível!

  • Ana Fontoura – Diretora de comunicação e marketing da Planeta

Tudo nela brilha e queima, de Ryane Leão

Em uma sociedade que nos silencia, nos oprime e tenta nos apagar a todo momento, Ryane nos dá voz e liberdade por meio de seus poemas. Ela fala da força da mulher, mas entende que nem sempre queremos ser fortes. Muitas vezes, só queremos ser livres!

Livro de estreia de Ryane Leão, mulher negra, poeta e professora, criadora do projeto onde jazz meu coração, com mais de 150 mil seguidores nas redes.

  • Larissa Caldin – CEO da Primavera Editorial

Escute o que ela diz, de Joanne Lipman

Ao abordar com profundidade e sensibilidade a questão dos preconceitos muitas vezes invisíveis que moldam nossas interações e decisões, Escute o que ela diz oferece um caminho para a compreensão e o combate a essas inclinações automáticas que podem afetar negativamente a diversidade, a inclusão e a equidade de gênero nas organizações e na vida.

Ao trazer à tona histórias reais e estratégias eficazes, o livro não apenas conscientiza sobre a importância de reconhecer e desafiar seus próprios vieses, mas também inspira uma mudança cultural significativa, promovendo ambientes mais justos, igualitários e acolhedores para todos.

  • Sevani Matos – Presidente da Câmara Brasileira do Livro

Mulheres que correm com os lobos, de Clarissa Pinkola Estés

Uma leitura fundamental para todas as mulheres, principalmente para as mais maduras que já experimentaram diversas vivências. Este lindo estudo sobre a feminilidade tem a missão de despertar as mulheres para sua realidade mais íntima, sendo uma obra atemporal.

A obra instiga a mulher a retomar sua identidade, perdida no turbilhão das tarefas e obrigações diárias, e clama pelo despertar dos sentimentos guardados no íntimo. Anima à busca pela retomada da liberdade interior, no seu sentido mais 'selvagem', ou seja, incentiva a mulher a observar e sentir os ciclos naturais que estão em harmonia com a natureza.

Trata-se de uma obra para ser lida com calma, que merece pausas para reflexão.

  • Camila Cabete – Head de conteúdo e sócia da Árvore

Imaginável, de Jane McGonigal

“Um livro para ajudar a destravar a inovação dentro de você e se preparar para o futuro”.

Nunca foi tão difícil encarar o amanhã sem sentir medo, desesperança e pessimismo. Como organizar nossas vidas quando parece impossível prever o estado do planeta na semana que vem, que dirá daqui a um ano ou uma década? O que precisamos agora são de estratégias que nos ajudem a recuperar a confiança e estimulem a criatividade ao lidar com futuros incertos.

Em Imaginável, a futurista profissional, designer de jogos e autora best-seller do The New York Times Jane McGonigal guia os leitores por diferentes cenários e nos dá todas as ferramentas para imaginar, sem medo, o futuro.

  • Lella Malta - Curadora e produtora cultural

Maria Bonita: Sexo, violência e mulheres no cangaço, de Adriana Negreiros

Os estudos sobre gênero me acompanham desde a graduação em Ciências Sociais. Sou aficionada pelas construções sociais que permeiam o feminino - hoje ou em qualquer outra época, aqui ou em qualquer outro lugar. Minha curiosidade não cessa.

Passeando por Trancoso, adentrei a Nobel em busca de um título para me acompanhar nos dias de sol do sul da Bahia. Quando vi o livro laranja bonito, cujo título sugeria uma excelente fonte de pesquisa sobre banditismo rural na década de 1930 (temática que estou pesquisando para uma futura obra), entremeada ao estudo sobre gênero, não tive nenhuma dúvida. Peguei.

Contudo, não levei na bolsa a Maria Bonita do imaginário popular. Levei Maria de Déa. E, com ela, tantas outras mulheres, conhecidas e anônimas, que viveram o horror do cangaço em cores vívidas.

Mulheres que tiveram os seus direitos mais fundamentais violados. Que passaram fome e sede. Que foram abusadas sexu@lmen@#, torturadas, subjugadas. Renegadas por Deus, propriedade dos homens.

Com sensibilidade ímpar, Adriana Negreiros registra anos de pesquisa jornalística e apresenta, a partir de uma perspectiva feminina, histórias daquelas que foram as maiores vítimas do cangaço brasileiro.

Dando voz, pela primeira vez, a tantos discursos invalidados, desqualificados e distorcidos.

Leitura rica, fluida e obrigatória - que toca a alma e engrandece a luta.

  • Cássia Carrenho – Sócia-diretora da LabPub

A pediatra, de Andréa Del Fuego

Gosto muito desse livro porque acho que desmistifica a maternidade. É uma pediatra que não gosta de criança e depois ela meio que fica obcecada por uma. Então quebra alguns paradigmas de que pediatra sempre tem que gostar de criança, de que mãe sempre vai ter um amor maternal desde que engravida. Acho que é um livro muito real.

E o que acho que o que mais gosto é porque sei que para a Andréa construir o livro – já a entrevistei e até participamos de um bate-papo – ela teve que escrever coisas que não concordava. Por exemplo, pediatra odeia essa questão da doula e ela é super a favor a isso. Então ela teve que criticar coisas que ela concorda, foi um trabalho interessante.

E é um livro muito bem-escrito, literalmente “em uma sentada” você lê e ainda tem um final interessante, um suspense.

  • Roberta Machado – Diretora comercial do Grupo Editorial Record

Marielle e Monica, de Monica Benicio

"Minha indicação para este dia oito é de um livro da editora Rosa dos Tempos que chega às livrarias na semana que vem. Marielle e Monica: Uma história de amor e luta mostra como foi dura a batalha para elas se fazerem ouvir, ainda mais elas na condição de mulheres da periferia, mostra a dor do luto e do silêncio forçado. A leitura do livro da Monica Benicio reforça a sensação de que a sociedade ainda precisa avançar muito no reconhecimento dos direitos da mulher".

Em 2004, quando Monica Benício topou passar o carnaval com as amigas numa praia em Saquarema, mal sabia ela que sua vida mudaria para sempre. Nessa viagem, outra convidada, até então desconhecida, roubaria sua atenção de forma arrebatadora. “Eu precisei levantar bem a cabeça e erguer meu pescoço para que meus olhos pudessem finalmente enxergar o rosto dela”, conta Monica. “Era uma mulher alta, linda, com sorriso largo e um brilho no olhar que parecia um farol. Tinha luz própria.” Diante dela, surgiu uma jovem chamada Marielle, de apenas 24 anos, que seria sua companheira inseparável – não apenas daquele carnaval, mas da vida.

Pela primeira vez, Monica Benicio conta a história de amor que fez sua vida se entrelaçar com a de Marielle Franco. Desde um quartinho na favela da Maré, que serviu de abrigo para encontros, até o gabinete 903 na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, onde Marielle Franco trabalhou, esta é uma história de amor emocionante e surpreendente, cheia de reviravoltas e fatos inusitados, que faz jus a qualquer novela de grande sucesso de público e crítica. Um amor tão profundo e bonito que, agora, conquistará leitores e leitoras pelos quatro cantos do mundo.

  • Corina Campos – Diretora de marketing e comercial

A alegria espera por você, de Upile Chisala

É um livro lindo que fala de autoconhecimento, fala da importância da mulher negra, da mulher nessa sociedade complexa, e da gente conhecer a si próprio, de nos valorizarmos. Às vezes a gente se autodestrói para valorizar o outro, empodera o outro. Então o livro para não deixar os sentimentos negativos tomarem conta da gente. Do quão importante é a gente se conhecer e se valorizar, conhecer a nossa origem e respeitar esse espaço.

Então a minha dica é esse livro com poemas curtos para uma reflexão. Feliz Dia da Mulher.

Simone Magno - Assessora de imprensa do Grupo Editorial Record

A cortesia da casa, de Marta Barcellos

Minha indicação é A cortesia da casa, primeiro romance da queridíssima Marta Barcellos, que chega às livrarias pela Record na semana que vem. A protagonista é uma mulher de meia idade que é demitida do emprego, entra em crise com o marido, o filho acaba de deixar o país, então se sente descartada do mundo e começa a comer sem parar. Ela vai para um spa e vai questionar sua vida, ao mesmo tempo em que tenta se adequar aos ditos padrões estabelecidos por uma elite igualmente em crise. Um momento delicado da vida que afeta muitas de nós!

[08/03/2024 10:00:00]
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