Biblioteca Nacional anuncia novo coordenador do Projeto Resgate: Luciano Figueiredo
PublishNews, Redação, 1º/03/2024
Historiador assume programa dedicado à catalogação e reprodução da documentação referente ao Brasil Colônia

O historiador Luciano Figueiredo | © Divulgação / FBN
O historiador Luciano Figueiredo | © Divulgação / FBN
O historiador e professor Luciano Figueiredo é o novo coordenador do Projeto Resgate Barão do Rio Branco, da Fundação Biblioteca Nacional (FBN). O projeto é dedicado à catalogação e reprodução da documentação histórica manuscrita referente ao Brasil Colônia. O anúncio foi feito pelo presidente da FBN, Marco Lucchesi, durante o evento “Projeto MAPE: Mapping the Atlantic Portuguese Empire”, organizado por um grupo de pesquisadores estrangeiros, e cuja abertura ocorreu no Auditório Machado de Assis, na sede da Biblioteca Nacional (BN), na última quarta-feira (28).

“O Projeto Resgate é, sobretudo, um projeto de Estado, cujo olhar generoso se volta por completo para a História do Brasil, aquém-fronteiras e além-mar, para reconstituir as partes dispersas de nossas camadas culturais. Compartilhar a História do Brasil, reconquistá-la, difundi-la, leva ao conhecimento de nosso legado futuro, num estatuto de emancipação. Com a presença de Luciano Figueiredo, o Projeto Resgate adquire nova perspectiva. Luciano é reconhecido historiador, com vasta projeção acadêmica, alto conhecimento de fontes e arquivos, no metodologia e saberes sociais. Luciano brilha também no compromisso da difusão do conhecimento para um público leigo e popular. A Biblioteca Nacional, órgão vinculado ao Minc, cumpre plenamente sua missão”, afirma Marco Lucchesi.

Luciano Figueiredo

Professor titular do Instituto de História da UFF, Luciano Figueiredo é especialista em História do Brasil colônia, com graduação pela PUC-RJ e pós-graduação na USP. Pesquisador há mais de 40 anos, coordenou inúmeros projetos no Arquivo Nacional, Fundação João Pinheiro, CNPq, Faperj e UFF. Devotado à popularização da História, fundou e dirigiu por quase dez anos a Revista de História da Biblioteca Nacional, que chegou a todas as escolas brasileiras (e bancas de jornal), e idealizou o primeiro Festival de História no país.

Atualmente é editor do site Impressões Rebeldes, com documentos e conteúdos sobre as rebeliões no Brasil. Publicou vários livros e artigos acadêmicos. Recentemente, foi lançado pela editora Chão seu livro O Pasquim do Calambau – Infâmia, sátiras e o reverso da Inconfidência Mineira, em colaboração com Álvaro Antunes. Sócio honorário do IHGB, fez estágio de pós-doutorado em Stanford. É pesquisador produtividade do CNPq.

“Os planos são de ampliar as conexões com a África e América Latina, além de divulgar conteúdo pelas redes da BN. Em 2023, quase dois milhões de pesquisadores consultaram os documentos do projeto – um acervo que reúne mais de 1 milhão de páginas de documentos do Brasil colonial, com guias de pesquisa, acessíveis remotamente, espalhados pelo mundo com apoio da UNESCO”, afirma Luciano Figueiredo.

Projeto Resgate

O Projeto Resgate Barão do Rio Branco é um programa de cooperação arquivística internacional que tem por missão catalogar e reproduzir a documentação histórica manuscrita referente ao Brasil, do período anterior à Independência. Anteriormente, só era possível consultar a rica documentação que se encontra sob a custódia de instituições estrangeiras por meio de dispendiosas viagens e cansativas pesquisas. Ao organizar e tornar acessível esse imenso acervo aos pesquisadores e ao grande público, o Projeto Resgate Barão do Rio Branco realiza uma inestimável contribuição para a memória brasileira.

O projeto homenageia José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, diplomata brasileiro que consolidou as fronteiras do país. Com efeito, o embrião da iniciativa surgiu já no século XIX, graças à pesquisa pessoal de muitos diplomatas brasileiros.

O gérmen da institucionalização do Projeto Resgate se iniciou no dia 7 de setembro de 1966, por meio do Acordo Cultural celebrado entre o Brasil e Portugal. Dentre seus objetivos, o Acordo, aprovado pelo Congresso Nacional em 1967, visa a permuta de documentos entre ambas as nações, bem como a cooperação entre as instituições de ensino, pesquisa e tecnologia, que são intenções concretizadas pelo Projeto.

Em 1983 foi firmado um primeiro Protocolo de Cooperação entre Brasil e Portugal. Posteriormente, em 1996, com a perspectiva das comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao território brasileiro, o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) impulsionou a criação da Comissão Luso-Brasileira para Salvaguarda e Divulgação do Patrimônio Documental (COLUSO) e a aprovação do Plano Luso-brasileiro de Microfilmagem.

No ano 2000, o Acordo Cultural e o Protocolo de Colaboração anteriormente mencionados foram atualizados pelo Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, igualmente promulgado pelo Congresso Nacional em 2001. Sob a inspiração deste Tratado, o Projeto Resgate promove a microfilmagem da documentação histórica de Portugal, além de impulsionar o intercâmbio de pesquisadores.

Tais iniciativas fortaleceram sobremaneira o desenvolvimento do Projeto Resgate Barão do Rio Branco. Como fruto dessas décadas de trabalho, grande parte do acervo luso-brasileiro foi disponibilizado digitalmente, entre 2002 e 2006, pelo Centro de Memória Digital da Universidade de Brasília (CMD/UnB), com apoio financeiro da Petrobras.

Desde 2015, os recursos para a manutenção e o incremento do Projeto Resgate Barão do Rio Branco advêm de um Projeto de Cooperação Técnica Internacional com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), cuja direção está a cargo da presidência da Fundação Biblioteca Nacional.

Com o intuito de preservar a memória do Projeto, fomentar a cooperação internacional, promover eventos acadêmicos e ampliar e difundir o acervo do Projeto, em 2022 foi instituído pela Fundação Biblioteca Nacional o Centro de Memória do Projeto Resgate, vinculado ao Centro de Cooperação e Difusão da Biblioteca.

Até o momento, foram feitos o levantamento e a reprodução de documentos existentes nos arquivos, bibliotecas, museus, centros e instituições culturais de Áustria, Espanha, Holanda, França, Bélgica, Reino Unido e Estados Unidos da América. O Projeto Resgate Barão do Rio Branco pretende, a curto prazo, tornar disponível esse novo acervo, oferecer instrumentos de pesquisa mais atualizados e ampliar o mapeamento dos documentos existentes em outros continentes.

Visite o acervo em: resgate.bn.br.

[01/03/2024 11:00:00]