Cecilia Madonna Young estreia com livro ácido e divertido sobre as angústias e sonhos de toda uma geração
Adesivos de estrelinhas brilhantes colorindo uma caixa de antidepressivo, pensamentos suicidas entremeados com uma vontade imensa de viver loucamente, colagens com poemas de Leonard Cohen ou de Shakespeare. Fomentar a densidade da vida ao ouvir músicas de Fiona Apple, mas também tomar um porre ao som de 5 Seconds of Summer. Maratonar os versos alegres de
Glee ou os diálogos ácidos de
Succession? É inegável: a tal
gen z está crescendo. Para compreender a si mesmo é importante, primeiro, se ouvir. E, para entender o outro, deixá-lo falar. Ao falar de si, Cecilia Madonna Young – filha da escritora e roteirista Fernanda Young – proporciona em seu livro de estreia uma divertida, ácida, sarcástica e colorida viagem ao imaginário de toda uma geração. O que ela faz em
Tudo o que posso te contar (Record, 368 pp, R$ 99,90) é oferecer ao leitor um olhar para um feed secreto, um
shameless oversharing, de seus pensamentos acerca de transtornos como depressão, ansiedade e anorexia nervosa, mas também momentos de êxtase, como encontrar sem querer seu ídolo, além de pequenas epifanias – enquanto dirige ouvindo Lorde no volume máximo. E claro, não podemos esquecer os relatos sobre como enfrentar o luto da partida da mãe, ou sobre como sobreviver – depois de quase dois anos de isolamento social – a uma festa universitária repleta de semiconhecidos.