O novo voo da Libre
PublishNews, Lizandra Magon de Almeida e Larissa Kouzmin-Korovaeff, 18/01/2024
Em artigo, Lizandra Magon de Almeida e Larissa Kouzmin-Korovaeff falam sobre os planos da nova diretoria da Liga Brasileira de Editoras para o biênio 2024-2025

Lizandra Magon de Almeida e Larissa Kouzmin-Korovaeff | © Libre
Lizandra Magon de Almeida e Larissa Kouzmin-Korovaeff | © Libre
Com o início deste novo ano, uma nova diretoria assume a Liga Brasileira de Editoras (Libre). A chapa eleita, “Voa Libre”, dá continuidade ao trabalho que já vem sendo desenvolvido em gestões anteriores, tendo a bibliodiversidade como conceito articulador do trabalho da entidade. É uma instituição que reúne mais de 200 editoras independentes de todo o Brasil em torno da pluralidade de vozes e visões que um país imenso como o nosso oferece para seus cidadãos e para o mundo.

A Libre foi criada em 2002, logo após a realização da primeira Primavera dos Livros, uma feira de pequenas editoras que, diante da dificuldade de verem seus títulos nas prateleiras de livrarias, se reuniram para criar um canal de contato direto com o público leitor.

A partir do sucesso dessa primeira iniciativa, as editoras participantes fundaram uma associação. Desde então, a Primavera dos Livros vem sendo realizada anualmente no Rio de Janeiro e em outros estados, entre outros eventos realizados pela entidade. Em paralelo, feiras e festas literárias se espalham por todo o Brasil, aproximando o livro de seus leitores, no mesmo espírito da Primavera dos Livros.

Cabe ressaltar que algumas utopias sonhadas pelas nossas diretorias ao longo do tempo hoje pautam discussões fundamentais no universo do livro brasileiro. Muitas delas surgiram das demandas detectadas pelas independentes nos últimos 20 anos, conferindo à Libre um papel político extremamente relevante na cena contemporânea.

Foram associadas da Libre, logo depois de sua fundação, que pela primeira vez trouxeram para discussão a Lei do Preço Comum, criada na França (Lei Lang), apresentada inicialmente pela Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro, para evitar a concorrência predatória de grandes players em relação às livrarias de rua. Em 2010, o tema passou a integrar oficialmente o programa da associação. Hoje, em trâmite no Senado com o nome de Lei Cortez, é uma diretriz apoiada por outras grandes entidades do livro, como Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional das Editoras de Livros (Snel) e Associação Nacional das Livrarias (Anel).

A diretoria, que vem agora no lastro dessa trajetória, traz consigo o sabor de novas utopias temperadas com a consciência dos muitos desafios que tem pela frente, dentre os quais destacam-se: a representação institucional do livro nos âmbitos municipal, estadual e federal; o estreitamento de laços com as demais associações para discutir e defender os territórios da cadeia produtiva e criativa do livro, buscando fomentar princípios de isonomia, ética e transparência; o fomento a discussões e a busca de soluções para práticas do mercado alinhadas com as premissas da ESG; a defesa de princípios éticos na relação entre autores e editoras e entre editoras de diferentes portes visando um mercado editorial mais horizontal e equitativo; a ampliação da discussão sobre diversidade em todos os âmbitos da cadeia produtiva do livro, não só a autoria, ou seja, nas equipes e na própria criação de empresas publicadoras de livros; o trabalho pelo resgate do valor simbólico do livro.

A pauta ainda inclui o debate democrático e o direito à ampla divergência, plural e respeitosa, entre todos os associados, sempre consonante com os princípios básicos dos direitos humanos e as lutas das minorias, e a defesa de melhores condições econômicas para as editoras independentes, em diálogo com os demais elos da cadeia produtiva do livro.

De uma forma horizontal e colaborativa, a nova diretoria vai trabalhar com grupos de trabalho constituídos entre seus associados, oportunizando assim a participação de mais editores na gestão, além de aprofundar e ampliar o alcance das iniciativas propostas. Como a atuação da diretoria é totalmente voluntária, torna-se salutar e necessário unir forças, para sonhar e realizar grande.

Além de presidenta e vice, a diretoria é formada por Haroldo Ceravolo Sereza (diretor de Relações Institucionais – Editora Alameda, SP), Camila Perlingeiro (diretora de comunicação e uma das fundadoras da Libre, editora MapaLab, RJ), Rosana Mont’Alverne (diretora de eventos, editora Aletria, MG) e Francisco Jorge (diretor de coordenação cultural, editora Malê, RJ). No Conselho Fiscal estão Mariana Warth (Pallas Mini, RJ), Whaner Endo (W4 Editora, SP), Araken Ribeiro (Contra Capa, RJ), Marcelo Del’Anhol (Olho de Vidro, PR), Albanisa Dummar (Armazém da Cultura, CE) e Valéria Pergentino (Solisluna, BA).


*Lizandra Magon de Almeida é diretora editorial da Editora Jandaíra e presidente da Liga Brasileira de Editoras (Libre). Larissa Kouzmin-Korovaeff é publisher da Semente Editorial e vice-presidente da Libre.

[18/01/2024 10:00:00]