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A novela de Antoine de Saint-Exupéry
PublishNews, Redação, 26/10/2023
Em 'Voo noturno', as personagens Fabien e seu radiotelegrafista se deparam com questionamentos fundamentais sobre a vida e o senso de dever

Numa jornada noturna, o piloto Fabien e seu radiotelegrafista dividem a cabine de um avião que viaja do extremo sul da Argentina para Buenos Aires levando o correio da Patagônia. Passam por estepes desabitadas e por pequenos vilarejos dos quais vislumbram apenas um punhado de minúsculas luzes. Uma forte tempestade os surpreende. Perdem a comunicação com os postos em terra. Em dada hora, percebem-se fora da rota. Soltam seu único sinalizador para ver se enxergam algo que possa os orientar. No escritório em Buenos Aires, o chefe Rivière, que implementou os voos noturnos, é um homem duro que norteia sua vida e seu comando pelo sentido de dever. Em Voo noturno (Grua, 128 pp, R$ 32,90 – Trad.: Mônica Cristina Corrêa), essa dureza não implica em insensibilidade ou desrespeito, ela é um pilar necessário para que as tarefas fossem realizadas. Estabelece-se uma relação pautada não apenas pelo dever, mas pela coragem e admiração. A coragem de Rivière de lançar seus pilotos a voos nem sempre seguros, a coragem dos pilotos de voar. Se cada indivíduo é formado por um complexo de relações humanas, é na solidão que por vezes os personagens encontram algum refúgio, nesta história em que tensão e reflexão conseguem atingir uma sintonia ímpar. Escrito por Antoine de Saint-Exupéry, Voo noturno – baseado na experiência profissional do autor, na época em trabalhava na Aeropostále, em rotas pioneiras do Correio Noturno, que cobriam o hemisfério Sul – foi lançado originalmente em 1931 obteve sucesso de crítica e público.

[26/10/2023 07:00:00]
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