Companhia das Letras lança edital para clubes de leitura em unidades prisionais
PublishNews, Redação, 21/09/2023
Ação nacional busca selecionar unidades prisionais para receber doações de livros para a formação de clubes de leitura; na próxima segunda (25/09) evento virtual marca o lançamento do projeto e inscrições podem ser feitas até 20/10

© Nik Neves
© Nik Neves
A Companhia das Letras anunciou o lançamento do edital Projeto Nacional de Clubes de Leitura e Remição de Pena, que busca selecionar unidades prisionais para receber doações de livros para a formação de clubes de leitura.

A iniciativa, que atua em território nacional, é uma continuidade do projeto de formação e aprimoramento de leitores nos sistemas penitenciários, e também tem como objetivo facilitar o acesso de pessoas privadas de liberdade aos livros. O edital oferecerá gratuitamente capacitação para os mediadores e assessoria para a gestão do projeto das penitenciárias selecionadas.

O projeto contemplará 20 unidades prisionais, sendo que cada uma receberá 150 livros (seis títulos distintos, 25 exemplares por obra). Ao todo, serão doados 3 mil títulos. As inscrições podem ser feitas até 20 de outubro pelo site da Companhia.

Para marcar o lançamento, na próxima segunda (25), a editora realiza um evento virtual, às 15h, no seu canal do YouTube.

Participam da conversa a escritora Juliana Borges, conselheira da Plataforma Brasileira de Política de Drogas e autora dos livros Encarceramento em Massa (Jandaíra) e Prisões: espelhos de nós (Todavia); e Marina Dias, que é formada em Justiça Restaurativa e em Mediação de Conflitos, além de idealizadora e produtora executiva do documentário Sem Pena. O papo será mediado por Vanessa Ferrari, editora e mestre em crítica textual pela USP, que coordena, desde 2015, o projeto da Companhia das Letras de clubes de leitura e remição de pena.

Histórico do projeto

O projeto de clubes de leitura nas unidades prisionais foi criado pela Companhia das Letras em agosto de 2010, na Penitenciária Feminina de Sant’Anna. Inicialmente, dois clubes, com 20 leitoras em cada um, se reuniam uma vez por mês para discutir um título proposto. Com um sistema de biblioteca circulante, a Companhia emprestava um livro para cada leitora, que seria substituído por um novo a cada encontro. Os debates eram mediados por funcionários da editora e, ao final do projeto, as obras eram doadas para acervo da instituição.

Esses encontros serviram como piloto para um projeto maior, implantado em 2015, que vinculou os clubes de leitura à remição de pena. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça sugeriu aos Tribunais (recomendação no 44, de 23/11/2013) que acolhessem a redução de pena pela leitura, ou seja, para cada livro lido, o presidiário poderia remir quatro dias de sua sentença, desde que comprovada a leitura a partir de um resumo do livro.

Durante todo o período e, sob a coordenação da Companhia das Letras, uma equipe de 40 pareceristas voluntários validava os resumos, que eram enviados às unidades prisionais e, em seguida, à Vara de Execução Penal.

Para fazer a curadoria dos livros, a editora se amparou especialmente no critério de bibliodiversidade. Dessa forma, os participantes acessaram uma seleção de títulos que contemplou livros clássicos, romances, contos, crônicas, biografias, livros de não ficção e quadrinhos, incluindo obras nacionais e estrangeiras, escritas por homens e mulheres, que discutem temas fundamentais à sociedade contemporânea.

O projeto em números

10 anos
5 anos na Penitenciária Feminina de Sant’Anna.
1 ano em 8 unidades prisionais do Estado de São Paulo.
4 anos em 12 unidades prisionais do Estado de São Paulo.
15 unidades atendidas.
120 títulos lidos.
2.600 exemplares doados.
25 mediadores de leitura.
40 pareceristas voluntários.
Cerca de 2.880 livros lidos por ano entre 2016 e 2020.
Cerca de 14 mil resenhas escritas pelos leitores.
Cerca de 14 mil pareceres produzidos.
Cerca de 20 mil leitores privados de liberdade impactados pelo projeto.

[21/09/2023 08:00:00]