Organizado por Simone Homem de Mello, tradutora literária, escritora e coordenadora do Centro de Pesquisa e Referência Casa Guilherme de Almeida, a 12ª edição do Transfusão se orienta pelo tema “Céu e Terra”. Durante uma semana, será abordada a representação desses espaços em diferentes linguagens artísticas como na literatura, música e artes visuais. Neste ano, o evento conta com a colaboração da Fernanda Lé de Oliveira, coordenadora operacional do museu Casa Guilherme de Almeida, e do coletivo Tenonderã Ayvu.
Desde 2011, o Transfusão possibilita um intercâmbio entre autores e tradutores brasileiros, como também aproxima a tradução de diferentes públicos, indo além dos espaços acadêmicos. Nos últimos anos, o evento vem trazendo debates de assuntos de impacto social e abrindo um canal para as narrativas dos povos originários e culturas afrodiaspóricas.
Para participar das mesas-redondas é necessário se inscrever pelo site da instituição: clique aqui para a agenda presencial; e neste link para as atividades virtuais. A programação on-line contará com acessibilidade em Libras. O museu Casa Guilherme de Almeida, localizado no Sumaré, bairro da zona oeste de São Paulo, pertence à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, e conta com a gestão da Poiesis.
Veja a programação completa do XII Transfusão:
Grátis
Encontros presenciais
16, 17 e 19 de setembro
Inscrições abertas até 15/09: aqui
50 vagas para cada atividade
Local: Museu Casa Guilherme de Almeida - Rua Macapá, 187 - Sumaré, São Paulo - SP.
Com exceção da atividade “Abstração e Materialidade”, que vai acontecer no Anexo do museu, na Rua Cardoso de Almeida,1943.
16/09, sábado:
10h - CÉUS DIVERSOS Com Priscila Faulhaber e Walmir Thomazi Cardoso
A conversa apresenta o céu em diferentes perspectivas culturais por meio das metáforas literárias, da ciência astronômica do Ocidente e das interpretações feitas pelos Tikuna e Tukano, povos indígenas da região do Amazonas. Após a conversa, Priscila Faulhaber, antropóloga e pesquisadora titular no Museu de Astronomia e Ciências Afins, autografa o recente livro que escreveu, Antropólogos em campo: Curt Nimuendajú, traduções americanas e etnografia Tikuna (FAPERJ, 2023).
A atividade ainda conta com Walmir Thomazi Cardoso, historiador da Ciência e professor da Pós-graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ.
14h - ENTRE CÉU E TERRA
Com o coletivo Tenonderã Ayvu (Eduardo Duwe e Roberto Wera Veríssimo), Geraldo Karaí Moreira e Flávio Capi (do coletivo XiloCeasa)
Esta apresentação traz a visão dos corpos celestes pelo olhar dos Guarani Mbya, etnia indígena espalhada por algumas regiões do Brasil, como a sudeste e sul, e Argentina, Paraguai e Uruguai. Além dessa parte, o público presente poderá conferir a contação de história sobre os irmãos Kuaray (Sol) e Jaxy (Lua), a astronomia Guarani e a impressão de gravuras relacionadas à visão do céu praticada por esse povo.
A conversa conta com Eduardo Duwe, autor de documentários, ensaios, vídeos experimentais e instalações audiovisuais; Roberto Wera Veríssimo liderança Guarani Mbya e coordenador do coletivo Tenonderã Ayvu; Geraldo Karaí Moreira, líder espiritual Guarani Mbya; e Flávio Capi, artista plástico, arte-educador e integrante do coletivo XiloCeasa.
16h - TERRITÓRIO EM TRÂNSITO Com Manoel Lima, Márcia Poty Vidal e Maria Inês Ladeira
Aqui, a relação dos Guarani com a terra e suas vivências pelos territórios que habitam e nos quais se deslocam há séculos – Paraguai, Argentina, Uruguai e regiões sul e sudeste do Brasil – é descrita por lideranças residentes em aldeias de São Paulo. O ponto de vista da pesquisa etnológica também será abordado.
Nesta mesa-redonda participam Márcia Poty Vidal, Guarani Mbya que nasceu e vive na Terra Indígena Tenondé Porã, localizada em Barragem, bairro do extremo sul de São Paulo; Maria Inês Ladeira, antropóloga com doutorado em Geografia Humana pela USP; e Manoel Lima, liderança Guarani Mbya, nascido na aldeia de Pinhal (PR) e foi cacique da aldeia do bairro Barragem, onde ainda reside.
17/09, domingo:
14h - SONS DO CÉU E DA TERRA Com Edson Nunes
Por ocasião do lançamento de Os cânticos que alegram os anjos – Mborai nhe'e vy'aa (2.ed. 2023) e Sobre animais – Mymba regua (2023), Edson Nunes, organizador e tradutor das obras, fala sobre a relação dos Guarani Mbya com a palavra dirigida ao céu e à terra. Nunes é da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis (RJ), vive atualmente em Cananéia (SP), e também é escritor e desenhista.
16h - ENTRE TERRA E CÉU Com Walmir Damasceno dos Santos
Neste momento, o destaque será para as singularidades do trânsito entre céu e terra no candomblé banto, também conhecido como candomblé de Congo-Angola. Além disso, uma reflexão sobre as diferenças quando comparadas à dualidade entre mundo celeste e mundo terreno, típica da tradição judaico-cristã.
Walmir Damasceno dos Santos é jornalista, coordenador do Instituto Latino-Americano de Tradições Bantu e Taata Nkisi Katuvanjesi (líder) da Comunidade Tradicional de Terreiro de Candomblé Centro Africana Inzo Tumbansi – Kongo Angola.
19/09, terça-feira:
18h às 21h - ABSTRAÇÃO E MATERIALIDADE Com Lucia Santaella e obra "Os seres letras", de Betty Leirner
Esta conversa traz o lugar instável da linguagem a partir da tradução e da semiótica, refletindo sobre aspectos como a vocação para o exílio, a exploração da linguagem verbal e da escritura infinita, à luz da obra Les Êtres Lettres (Os seres letras), de Betty Leirner, poeta e artista suíço-brasileira. A atividade será guiada por Lucia Santaella, professora de programas da Pós-Graduação da PUC-SP e uma das principais pensadoras de comunicação, mídia e semiótica no Brasil.
Agenda virtual
13 a 15 de setembro, das 19h às 21h
Inscrições abertas até 12/09: aqui
350 vagas
Plataforma: Zoom
Será disponibilizada tradução em Libras
13/09, quarta-feira
19h às 21h - A CÉU FECHADO: A TERRA SOB A TERRA
Com Adriano Sampaio e Alessandro Luís Lopes de Lima
O objetivo é mostrar espaços naturais e culturais subterrâneos de São Paulo, mostrando um mapa fluvial e as nascentes da cidade, além de vestígios de refúgios de pessoas escravizadas em antigos quilombos.
Adriano Sampaio, permacultor e ativista pela água, fazendo intervenções em nascentes urbanas e na aldeia Itakupe, localizada na TI Jaraguá, dos Guarani Mbya que vivem nessa região de São Paulo, e Alessandro Luís Lopes de Lima, arqueólogo, cientista social e doutorando do Museu Nacional/UFRJ, são os convidados.
14/09, quinta-feira
19h - TERRITÓRIO ENTRE TERRAS
Com Anacleta Pires da Silva e Dayanne da Silva Santos
A conversa com Anacleta Pires da Silva e Dayanne da Silva Santos, autoras negras que escreveram o livro Terra de Encantados, obra que investiga a luta pela permanência no Território Quilombola Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão, abordará a relação ancestral com a terra por parte das comunidades quilombolas. A resistência na defesa do meio ambiente, as práticas agrícolas, a cosmovisão e as expressões culturais de comunidades como essa serão abordadas neste encontro.
Anacleta Pires da Silva é quilombola, educadora, defensora dos direitos humanos, lavradora, coureira, poeta, compositora, instrumentista e cantora nascida e criada no Território Quilombola de Santa Rosa dos Pretos (MA). E Dayanne da Silva Santos é mãe, educadora popular, socióloga, de terreiro e coordenadora do Coletivo Encontros Marginais.
15/09, sexta-feira
19h - CÉU E TERRA POR ESCRITO
Com Berthold Zilly e Maurício Santana Dias
Berthold Zilly e Maurício Santana Dias, tradutores da Divina comédia, de Dante Alighieri, Os sertões, de Euclides da Cunha, e de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, falam sobre a representação literária de céu e terra em obras da literatura ocidental, principalmente da literatura brasileira.
Berthold Zilly traduziu para o alemão autores como Machado de Assis, Lima Barreto, Euclides da Cunha e Raduan Nassar. Atualmente dedica-se à tradução do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Já o Maurício Santana Dias é crítico literário e professor de Literatura Italiana na Faculdade de Letras da USP. Entre os autores que traduziu do italiano para o português estão Dante Alighieri e Maquiavel.