É neste mundo ainda árido de “inteligências artificiais” que a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro chega aos seus 40 anos de existência. Tão carioca como o samba da centenária Portela, o mate da praia e o biscoito de polvilho, a Bienal toma posse da sua posição de vanguarda e questiona: O que a Inteligência Artificial não tem – ou ainda não tem – e que nós, humanos, temos – ou ainda não perdemos?
Ousamos dizer que o currículo bem fundamentado de 21 edições ininterruptas, milhares de autores, incontáveis histórias e leitores nos credencia a ter uma resposta: O coração.
Conectando todas as formas de ler, este ano a Bienal destaca sua maturidade aos 40, com olhar e sentimento adolescentes. Da primeira edição costurada pelo mercado editorial carioca no glamour do Copacabana Palace, ao registro de tentativa de censura da penúltima edição, o festival sempre foi um polo irradiador da cultura brasileira. Desde o seu primeiro dia também se fez presente a defesa do livro como objeto transcendente.
Esperamos que esta edição da Bienal seja também o marco de um novo momento para o mercado editorial, que enfrentou momentos difíceis no final da última década. Antes mesmo da pandemia, fomos amedrontados pela crise econômica e vimos as vendas derreterem cerca de 20% de todo o mercado. O fechamento de livrarias passou a frequentar com mais intensidade as notícias. Sofremos também com a insistente incivilidade da pirataria. Entretanto, dos próprios livros e de suas histórias de superação vieram novas ideias para revertermos a curva e chegarmos até aqui.
Celebramos um momento pujante, plural e inclusivo para a literatura brasileira. Neste momento, as editoras trabalham duro em busca de mais bibliodiversidade e de histórias que traduzem o atual momento da sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, pelas redes sociais das telas iluminadas, nossos jovens despertam para a magia das palavras escritas em folha de papel. Os livros voltados para os YA, de todas as partes do mundo, estão onipresentes nas listas de mais vendidos.
Em busca de uma nação leitora, a Bienal acredita que as palavras que saem de um livro estão prontas para ganhar as telas do cinema, da TV e dos celulares. Os livros também querem animar uma conversa de boteco, consolar o final de um relacionamento e estão a postos para ajudar a refundar o Brasil. Já dizia Machado de Assis: “Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra e assim se faz um livro, um governo ou uma revolução.”
Sinta-se dono de um convite especial para celebrar os 40 anos da Bienal do Livro Rio. Esperamos a sua participação entre os dias 01 a 10 de Setembro, no Riocentro, para uma experiência imersiva leitora. Traga sua família para participar dos encontros com autores e criar também uma Bienal para chamar de sua.
*Dante Cid é engenheiro de Computação, graduado pelo IME, e Mestre em Inteligência Artificial, pela PUC-Rio. Há 19 anos na editora Elsevier, atualmente ocupa o cargo de Vice-Presidente de Relações Institucionais para a América Latina. Foi eleito presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), em novembro de 2021. Além da presidência no SNEL, Dante Cid também é Vice-Presidente Técnico do Instituto Pró Livro (IPL) e representante dos editores brasileiros na International Publishers Association (IPA).