Uma antologia de pequenas joias de autoficção
PublishNews, Redação, 17/08/2023
Téffi – pseudônimo de Nadejda Aleksandrovna Lokhvitskaya – foi 'uma das muitas autoras que o cânone, acostumado a privilegiar os homens, escondeu'
A escritora russa Téffi (1872-1952), uma artífice magistral da história curta, formato que a consagrou e suscitou comparações com Anton Tchékov, é publicada agora pela primeira vez no Brasil. O volume Contos (Carambaia, 392 pp, R$ 134,90 – Trad.: Priscila Marques, Letícia Mei e Raquel Toledo) traz um apanhado de 28 textos da autora, escritos entre 1910 e 1952. O livro está dividido nas duas principais fases da vida da autora: Na Rússia e Na imigração, quando a escritora se instala em Paris. Em ambas, Téffi observa com humor sutil – às vezes até feroz e quase sempre com desenlaces ambíguos – os hábitos e costumes da burguesia dos dois lados da fronteira ocidental russa, com um estilo direto e moderno. Admirada tanto por Lênin quanto pelo tsar Alexandre II, tanto pelos patrões como pelos operários, e publicada tanto na imigração quanto na União Soviética, Téffi foi extremamente popular entre os leitores de seu tempo – a ponto de dar nome a vários produtos, de perfumes a doces. O traço humorístico de sua escrita, privilegiado na coletânea, foi o que lhe trouxe o reconhecimento, mesmo sendo uma rara figura entre os satíricos, como explica Raquel Toledo no posfácio: “uma mulher”. Para a professora de literatura, Téffi – pseudônimo de Nadejda Aleksandrovna Lokhvitskaya – foi “uma das muitas autoras que o cânone, acostumado a privilegiar os homens, escondeu”.