O que estou lendo: Tom Farias
PublishNews, Talita Facchini, 13/07/2023
​Jornalista, crítico literário, biografo e autor indicou a obra 'Rosa Egipcíaca: Uma santa africana no Brasil' (Companhia das Letras), de Luiz Mott

Jornalista, crítico literário, biógrafo e autor do recém-lançado Toda fúria (Gutenberg), Tom Farias foi um dos nomes de destaque da última edição do Fliaraxá. Colunista da Folha e autor também das obras Carolina, uma biografia (Malê), Tom usa seu conhecimento para falar sobre a cultura afro-brasileira, racismo, escravidão e outros temas pertinentes.

O PublishNews perguntou a Tom Farias o que ele está lendo no momento, e esta foi a resposta:

“Estou lendo Rosa Egipcíaca: Uma santa africana no Brasil, de Luiz Mott, um antropólogo que mora na Bahia. Ele faz um resgate de uma mulher escravizada, que chegou ao brasil aos seis anos de idade, teve uma trajetória no Rio de Janeiro e depois foi vendida para Minas, onde foi levada à prostituição. Ela teve uma visão e tudo o que ela tinha de bens, doou para os pobres e passou a viver como uma beata. Rosa tinha visões que remetiam a coisas muito antigas da Bíblia e isso espantou muito o clero da época”, disse ao PN.

“Essa mulher foi para o Rio de Janeiro, se alfabetizou, escreveu coisas fantásticas – que infelizmente se perderam – e foi considerada basicamente como uma santa. Ela também criou um centro de acolhimento na época, só de mulheres ex-prostitutas e mulheres que sofriam violência doméstica.

Uma história realmente mirabolante e fantástica que alimenta a nossa visão de como as coisas mudam, e mostra como a Rosa se deslocou na nossa sociedade sendo uma mulher escravizada, ex-prostituta e como ela fez essa transformação. Uma história que eu estou apaixonado”.

Rosa Egipcíaca: Uma santa africana no Brasil
Autor: Luiz Mott
Editora: Companhia das Letras
664 pp | R$ 159,90

Sinopse:
A incrível e pouco conhecida história de Rosa Egipicíaca ganha nova edição acrescida de informações inéditas sobre seus últimos dias de vida. Em 1725, aportava no Brasil uma jovem de seis anos que fora escravizada e trazida à força da Costa de Uidá, Nigéria. Vendida na rua Direita, no Rio de Janeiro, foi batizada com o nome de Rosa e estuprada por seu comprador.Passados oito anos, é obrigada a deixar a capital fluminense e seguir para Minas Gerais, numa freguesia próxima à vila de Mariana, onde serviria à família Durão. Lá, se prostituiu por quinze anos até ter os primeiros acessos diabólicos, sofrendo uma série de exorcismos. Em meio a essas sessões, deu-se sua conversão a uma vida voltada ao estudo e à devoção à doutrina católica. Daí por diante, sua rotina de visões místicas e manifestações dos sete espíritos que a possuíam só aumentava. Trabalho primoroso de Luiz Mott, esta é a biografia de uma ex-escravizada negra que, em pleno Barroco brasileiro, chegou a ser considerada por alguns como “a maior santa do céu”. Figura ímpar de nossa história, foi também a primeira escritora negra do país, e sua vida espetacular serviu de inspiração para o samba-enredo da Escola de Samba Unidos da Viradouro de 2023.

[13/07/2023 11:00:00]