Pagu será a autora homenageada da Flip 2023
PublishNews, Talita Facchini, 1º/07/2023
Autora conhecida pela militância, crítica cultural e veia artística foi a escolhida pela dupla curadora, Fernanda Bastos e Milena Britto, para a homenagem da 21ª edição da festa literária

Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, será a autora homenageada da Flip 2023. Nascida em uma família burguesa em 1910, a escritora, jornalista, dramaturga, poeta, tradutora, cartunista e crítica cultural foi a escolhida pelas curadoras Fernanda Bastos e Milena Britto para nortear a edição deste ano da Festa Literária, que ocorre de 22 a 26 de novembro.

Conhecida como uma mulher forte e que fugia das regras, Pagu atuou nos movimentos modernista e feminista e se dedicou ao ativismo contra o fascismo. Começou a escrever ainda na adolescência e teve destacada atuação na imprensa, tendo participado de diversas publicações como Brás Jornal, Revista da Antropofagia, A plateia, A vanguarda socialista, France-Presse, Suplemento Literário do Jornal Diário de São Paulo, Fanfulla e A tribuna.

“A escolha por Pagu tem uma dimensão que reforça muito esse momento da Flip e os últimos anos que vivemos”, disse Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip, durante a apresentação da homenageada para a imprensa. “A gente tinha o desejo de que essa homenagem pudesse também ser uma esperança, que pudesse nos indicar um Brasil que a gente ainda pode e quer construir”, completou Fernanda.

O que está por trás de Pagu? É pensando em responder essa questão que Fernanda e Milena pretendem construir a programação da Flip 2023. “Queremos pegar o que está fora da ótica e trazer o que ela tem de mais genuíno”, explica Fernanda. “Queremos aproveitar os vários aspectos da Pagu, justamente por não termos uma obrigação de tratarmos especificamente de um tema ou área específica da vida dela”, completou Milena.

A ideia da dupla curadora era, desde o início, homenagear uma autora plural e que ainda dialoga com os temas atuais. “É muito bacana podermos fazer essa homenagem para uma autora que falou sobre os problemas do país e que enfrentou – da sua forma – a misoginia, racismo, miséria. A gente queria uma autora que se expressasse em muitos gêneros e suportes”, explicou.

A pluralidade de gêneros incorporados no repertório artístico da autora, sua forte militância e o modo como enfrentou perseguições pesaram na escolha da dupla curadora que pretende ainda resgatar o interesse por uma escritora que, segundo Bastos, “ficou à sombra de um importante movimento da arte”, o modernismo.

O resgate pela obra de Pagu

A ideia da dupla curadora é reacender o interesse pela obra da autora homenageada e que, segundo Fernanda, não é um clássico. “Ela é uma pessoa conhecida, mas sua obra literária não é tanto. Queremos resgatar o interesse por ela, assim como no caso de Maria Firmina, no ano passado”.

“Sabemos que a Flip tem uma contribuição grande na internacionalização dos autores homenageados e, claro, contamos com a ajuda da imprensa para fazer isso crescer”, acrescentou Bastos.

Pagu publicou os romances Parque industrial, em 1933, com o pseudônimo de Mara Lobo por orientação do partido comunista, e A famosa revista, publicado em 1945 em colaboração com Geraldo Ferraz. Pelo pseudônimo King Shelter, lançou diversos contos policiais, reunidos posteriormente no volume Safra macabra.

Para o teatro, traduziu grandes autores, muitos deles até então inéditos no Brasil, como James Joyce, Eugène Ionesco, Fernando Arrabal e Octavio Paz. Estão ainda entre os feitos de Pagu uma entrevista que ela realizou com Sigmund Freud e a introdução da cultura de soja no Brasil, graças ao contato com o imperador chinês Pu-Yu.

A previsão é de que os nomes dos primeiros autores participantes da Flip sejam anunciados a partir do final de julho e, em setembro, sairá o anúncio da programação oficial.

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[01/07/2023 08:00:00]