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Robert Gottlieb, editor de Toni Morrison e John le Carré, morre aos 92 anos
PublishNews, Redação, 15/06/2023
Reconhecido como um dos grandes editores do século 20, ele construiu sua carreira na Simon & Schuster, foi presidente da Knopf, editou a New Yorker e publicou dezenas de livros importantes

Robert Gottlieb no documentário 'Turn Every Page' | © Sony
Robert Gottlieb no documentário 'Turn Every Page' | © Sony

O editor norte-americano Robert Gottlieb morreu nesta quarta-feira (14) aos 92 anos. Reconhecido por seu trabalho na Simon & Schuster, na Knopf e também na revista The New Yorker, Gottlieb trabalhou com nomes como Toni Morrison, John le Carré, Salman Rushdie, John Cheever, Joseph Heller, Ray Bradbury, Doris Lessing e muitos outros.

Por mais de três décadas na Simon & Schuster e na Knopf, Gottlieb transformou autores em estrelas, vendeu milhões de exemplares e conquistou um séquito de fãs entre escritores e colegas editores, até se tornar editor-chefe e presidente da Knopf. Em 1987, em uma mudança de marchas, assumiu a revista The New Yorker (o terceiro editor da publicação, depois de Harold Ross e William Shawn), onde foi recebido com protestos da equipe e até de leitores, mesmo tendo sua competência amplamente reconhecida por todos.

Ao aplicar poucas e sutis mudanças no modo de trabalho da revista, Gottlieb usou suas habilidades editoriais para conquistar os colegas. Ali, ele publicou nomes como Richard Ford, Diane Ackerman e Judith Turman. Ele foi substituído em 1992, numa transição amigável.

Depois, voltou para a Knopf, se tornou crítico de dança da The New York Observer, organizou antologias de textos sobre música e dança e escreveu livros, incluindo uma autobiografia publicada em 2016, Avid reader: A life.

Em modo sincero, o editor salpicou críticas a diversos autores no livro, segundo o The New York Times: falou de V.S. Naipaul ("um esnobe"), William Gaddis ("implacavalmente insatisfeito"), Roald Dahl ("errático e grosseiro").

"Ele não era apenas um editor, ele era o editor", le Carré disse ao New York Times na época do lançamento do livro. "Nunca tive um editor que chegasse perto dele em nenhum país, ninguém que poderia ser comparado a ele".

Depois de 13 anos na Simon & Schuster, Gottlieb passou a trabalhar na Knopf como vice-presidente e editor-chefe, em 1968. Ali ele editou a monumental biografia de Robert Moses escrita por Robert Caro, vencedora do Pulitzer, The Power Broker (1974). Gottlieb cortou cerca de 400 mil palavras do original, que tinha mais de um milhão. A relação entre autor e editor, que se tornou duradoura, foi tema de um documentário, Turn Every Page, dirigido por Lizzie Gottlieb, de 2022.

"Eu nunca encontrei um editor ou publisher com um entendimento maior do que um escritor estava tentando fazer – e como ajudá-lo a fazê-lo", disse Robert Caro em um comunicado após a morte de Gottlieb.

Seus livros mais recentes são Near-Death Experiences … and Others (2018), uma antologia de ensaios escritos para o The New York Review of Books, e Garbo (2021), uma biografia da estrela de cinema. Mas, ainda segundo o Times, ele sempre se considerou um editor.

No Instagram, o editor André Conti, da Todavia, escreveu: "E no meio de tanta tragédia, se foi o maior editor de todos os tempos. Editou centenas de livros célebres, escreveu lindamente, mudou o panorama editorial pra sempre, refez a New Yorker, colecionou bolsinhas e também trabalhou por décadas com dança, sua grande paixão".

[15/06/2023 09:40:00]
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