Rosa dos Tempos publica perfil sobre a trajetória de Niéde Guidon, guardiã de um dos maiores sítios de pinturas rupestres do mundo, o Parque Nacional Serra da Capivara

Dos 90 anos de vida recém completos, Niéde Guidon dedicou mais de meio século à pesquisa de vestígios dos primeiros povos da América. A despeito das opressões estruturais e da falta de apoio do Estado, a arqueóloga ergueu no sertão do Piauí o Parque Nacional Serra da Capivara, lugar de proteção, estudo e turismo, tesouro arqueológico brasileiro e patrimônio da humanidade. Seu legado já seria admirável se, em meio a investigações que nunca cessaram, não lançasse hipótese arrojada de que os primeiros povos das Américas habitavam a região muito antes do que o consenso científico admite atualmente, vindos da África por meio de barcos que atravessaram o Atlântico. Independentemente da comprovação do seu argumento, Niéde mostra, com sua trajetória, que o fazer científico não é desprovido de luta política. Abordando este contexto político e científico no qual Niéde precisou se movimentar e atenta a uma infinidade de sutilezas da arqueóloga e seu entorno, Adriana Abujamra constrói um retrato multifacetado em
Niéde Guidón: uma arqueóloga no sertão (Rosa dos Tempos, 256 pp, R$ 54,90 – org.: Joselia Aguiar). Neste perfil que apreende seu talento empreendedor e humor bravo, entre afetos cultivados no decorrer de décadas e conflitos inerentes ao papel desempenhado local e globalmente, a jornalista conta, também, bastidores das pesquisas arqueológicas em todo o mundo e o dia a dia dos sertanejos que vivem nas vizinhanças do parque.