O projeto foi inspirado principalmente na Lambiek Comiclopedia, site holandês com intuito parecido – o próprio Luiz conta que já contribuiu com verbetes relacionados a artistas brasileiros no site, mas diz que sentia falta de uma iniciativa semelhante em solo brasileiro.
"O mais próximo de uma base de dados dos quadrinhos nacionais que temos é o Guia dos Quadrinhos, um projeto fabuloso do meu amigo Edson Diogo, mas cujo foco é no cadastro das publicações", explica Lucio Luiz ao PublishNews. "Também há registro dos artistas, mas como essa não é a prioridade, poucos têm suas biografias escritas lá, com a grande maioria contando apenas com a relação de obras (o que, de qualquer forma, faz com que o Guia dos Quadrinhos seja hoje considerado indispensável por todos os pesquisadores e leitores)".
Jornalista com mestrado e doutorado em Educação e editor-chefe da Marsupial Editora, roteirista de quadrinhos ele próprio, Luiz conta que se dedica à edição de artigos sobre quadrinhos na Wikipédia brasileira há pelo menos 17 anos, mas que a ausência de "fontes fiáveis" de informação sobre o assunto, nos critérios da Wikipédia, dificultava muito o trabalho.
"Também sou pesquisador de quadrinhos e percebo uma grande dificuldade em se conseguir informações sobre quadrinistas de forma fácil mesmo no meio acadêmico (ou talvez até principalmente neste meio). Geralmente, é necessário buscar uma quantidade enorme de fontes diferentes para encontrar informações e, muitas vezes, temos até informações conflitantes", comenta.
Com tudo isso em vista, veio a ideia de montar a Quadrinhopédia.
Lá, o leitor pode encontrar verbetes sobre artistas e demais profissionais, sempre com referências sólidas e, muitas vezes, bibliográficas. Há ainda uma separação por categorias (Arte-finalistas, roteiristas, jornalistas especializados, colecionadores, editores, lojistas, pesquisadores, etc). Por ora, a Quadrinhopédia não está aberta à edição, mas o site tem um formulário por onde é possível entrar em contato e sugerir acréscimos e edições.
"Escrevi os 850 verbetes que estão publicados na 'estreia' da Quadrinhopédia nos últimos quatro anos, com a intenção de adicionar novas biografias e ampliar as já existentes aos poucos", explica o editor.
Para ele, "a comunidade 'quadrinística' brasileira é, de forma geral, bem unida". Por isso, o projeto – totalmente independente – já atraiu gente oferecendo ajuda. "O projeto tem um grande potencial de crescimento e a forma de buscar patrocínio vai depender dos caminhos a partir daqui. A única coisa que eu já deixei 'pré-definido' no projeto é que qualquer financiamento que ocorra não pode desvirtuar a intenção inicial, que é de divulgar o quadrinho nacional de forma totalmente democrática. Portanto, a partir do momento em que novas ideias surgirem que demandem investimentos, talvez o financiamento coletivo ou algo do tipo seja o caminho ideal, mas ainda não está fechado. Por enquanto, no formato atual, dá pra 'levar' do jeito que está (mas, claro, quero fazer o projeto crescer)", conclui.