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Duas espadas, difusas realidades
PublishNews, Redação, 31/10/2022
‘A segunda espada’, primeira publicação literária de Peter Handke após receber o Prêmio Nobel, é a antinarração de uma vingança

Romance fora dos padrões e das convenções, e por isso handkeano por excelência, A segunda espada (Estação Liberdade, 176 pp, R$ 56, Trad.: Luis S. Krausz) tem um “herói” que abre sua história reconhecendo no espelho diante de si a imagem de um vingador. Esse narrador em primeira pessoa, então, se propõe a vingar sua mãe, acusada por um jornalista de ter simpatias nazistas. O que ocorrerá com esse projeto de vingança é um biombo para, como sempre, Handke colocar em cena o ato da escrita. Seja pela tensão narrativa ou por outras questões estéticas, o fato é que sua campanha vingativa está o tempo todo em digressão. A narração atrasa, como que de propósito, a ação agressiva, preocupando-se em discutir diversas referências literárias, comentar a si mesma e fazer desse adiamento a ação que importa. Feito com a maestria de um escritor que se orgulha em ser sucessor de nomes como Homero, Cervantes, Tolstói, todos estes também excelentes na arte da digressão. Conforme consta na orelha do livro, “Handke será sempre o mestre das palavras e da desconstrução da realidade pelo texto”.

[31/10/2022 07:00:00]
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