Nesta quarta (25), a Editora Âyiné inaugura a coleção Versalete, que reúne ensaios identificados como digressivos. Num momento em que muito parece ser dito mediante o grito, os textos selecionados privilegiam as afirmações tímidas, pouco categóricas, que se opõem à noção do gênero ensaio como o de uma verdade inquestionável. O projeto gráfico foi idealizado por Violaine Cardinot, diretora de arte e designer francesa. A artista realiza trabalhos para diversas editoras, instituições culturais e galerias de arte.
O primeiro lançamento será Cizânias: vozes de mulheres, assinado pela crítica de arte Clara Schulmann. No livro, a autora constrói um diálogo entre mulheres emancipadas de diferentes épocas e regiões do mundo. A partir da investigação de Schulmann sobre a voz off feminina no cinema, diversas perguntas emergem: como ressoa a voz das mulheres na sociedade? Onde sua palavra privada se transforma em palavra pública, em dissidência, reivindicação? A partir dessas questões, a autora francesa interliga suas próprias histórias com as de outras mulheres que ousaram desafiar o patriarcado e tomar a palavra. Em seguida, a Versalete apresenta a obra O esplendor de São Petersburgo, do escritor holandês Jan Brokken. O livro leva o leitor numa viagem por essa cidade russa, berço ou morada de alguns célebres nomes da literatura, da música e das artes visuais. Brokken visitou a cidade em dois momentos: em 1975, quando era Leningrado, e 40 anos depois, momento em que o autor retorna para encontrar uma Rússia pós-capitalista, já sob o comando de Putin.Neste ano, a Versalete apresentará ainda títulos como Paraíso e naufrágio (Massimo Cacciari), A sociedade como veredito (Didier Eribon) e O erro de Narciso (Louis Lavelle). A intenção é que a coleção possa instigar o interesse pela polifonia de vozes - e, ainda, pela diversidade de histórias que podem ser narradas.