Andando lado a lado
PublishNews, Redação, 15/08/2022
O romance 'Beleza e tristeza', do Nobel Yasunari Kawabata, fala sobre as abstrações da vida

Yasunari Kawabata, Prêmio Nobel de 1968, compôs uma história que conta a viagem a Kyoto de um romancista chamado Oki, para contemplar a tradicional celebração de Ano-Novo na cidade. Lá, o personagem reencontra-se com sua antiga amante, Otoko, com quem teve um caso muitos anos antes, quando ela ainda era apenas uma adolescente e ele já um adulto. Naquela ocasião, ela engravidou dele e perdeu o bebê. A relação então acabou, e Oki escreveu um romance expondo Otoko, livro que se tornou best-seller. No reencontro, ele tem outra vida, ela não é mais uma adolescente, e novos personagens fazem com que a relação deles seja retomada de maneira diferente e com novas complicações. O enredo de Beleza e tristeza (Estação Liberdade, 288 pp, R$ 63 – Trad.: Lídia Ivasa), no entanto, embora muito envolvente, não dá conta da grandeza do livro. O título, que junta dois substantivos abstratos, faz parte da composição, sugerindo que – primeiro – beleza e tristeza podem andar, e comumente andam, lado a lado, e que – segundo – as abstrações, nesse caso, têm peso maior que os fatos e a materialidade. Não à toa, o tempo, uma das maiores abstrações da vida, tem importância crucial na forma com que se desenrola a narrativa. Beleza e tristeza é um dos últimos livros que Kawabata publicou, o que contribui para que o texto esteja permeado com vários dos temas que constituem o campo literário do autor.

[15/08/2022 07:00:00]