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Editoras reportam recordes de vendas na Bienal do Livro de SP
PublishNews, Talita Facchini, 11/07/2022
Influência do TikTok nas vendas é o grande destaque da 26ª edição do evento, com editoras registrando também grande procura por mais diversidade e obras escritas por mulheres

A Bienal Internacional do Livro de São Paulo encerrou sua 26ª edição neste domingo (10) com um recorde de público, nove espaços oficiais e 1.500 horas de programação cultural diversa.

Organizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pela RX, a Bienal recebeu 660 mil visitantes – número 10% superior ao público da edição de 2018 – e, segundo pesquisa realizada pela SMTur - Secretaria Municipal de Turismo, através do Observatório do Turismo, da São Paulo Turismo (SPturis), o ticket-médio foi de R$ 226,94, um aumento de 40%. A demanda apurada pela Bienal foi de sete livros por pessoa.

A nova casa do evento – o Expo Center Norte – recebeu aprovação de 69,3%, e o índice de satisfação dos expositores se situou em 87%, que supera em 25% o grau de aceitação plena da edição de 2018.

As editoras

Além dos números positivos e do bom resultado com o público, interessa saber se o evento valeu a pena para as 182 editoras que investiram em grandes estandes e levaram suas obras e autores para a Bienal. Por isso, o PublishNews conversou com algumas delas para saber o balanço geral de cada uma.

Estande HarperCollins
Estande HarperCollins
O que se pode observar nesta edição é a grande influência que o TikTok exerce nas vendas de livros, com diversas editoras reportando grande procura por obras que fazem sucesso na rede social. Outro destaque foi a procura por obras escritas por mulheres, na Rocco e na Record, por exemplo, elas dominaram os rankings dos mais vendidos.

Além do bom resultado nas vendas, merece atenção a construção dos estandes das editoras. O que a maioria teve em comum? Espaços para interação com o público com cenários "instagramáveis", para serem fotografados e compartilhados. Além disso, a grande maioria apostou em estandes mais abertos, com maior espaço de circulação e artifícios para que os leitores achassem facilmente as obras que procuravam.

A Companhia das Letras, que pela primeira vez participou com três estandes – Companhia das Letras, Companhia das Letrinhas e Seguinte –, teve um resultado positivo e pretende repetir a ideia de voltar ao evento com diferentes espaços. “Conseguimos atender melhor as crianças e as famílias que procuram os livros infantis, propor espaços de interação com os jovens e até mesmo receber os autores young adult de maneira mais organizada, no espaço da Seguinte, e trabalhar melhor o catálogo no estande da Companhia das Letras”, informa comunicado enviado ao PN.

Os livros mais vendidos da Seguinte têm, no geral, seguido a onda de recomendações do TikTok. Merecem destaque os livros Mentirosos, de E. Lockhart, que agora ganha a continuação Família de mentirosos; Mordida, de Sarah Andersen, o segundo livro mais vendido do estande; Vermelho, branco e sangue azul, Última parada e Eu beijei Shara Wheeler, de Casey McQuiston, sendo o último o livro mais vendido do estande desde o primeiro dia do evento; as HQs Heartstopper, de Alice Oseman; e Enquanto eu não te encontro, de Pedro Rhuas.

No estande Companhia das Letras, os destaques são Lore Olympus – histórias do Olimpo (Suma), de Rachel Smythe; e Os sete maridos de Evylin Hugo (Paralela), de Taylor Jenkins Reid.

A Sextante e Arqueiro reportaram um aumento de mais de 150% nas vendas em relação a edição de 2018, com uma média de nove livros vendidos por minuto. Mais uma vez, os fenômenos literários impulsionados pelo TikTok puxaram a lista dos livros mais vendidos de ficção, seguido de Clube do livro dos homens, de Lyssa Kay Adams. “É uma alegria para nós perceber esse papel das redes sociais ao conectar os livros aos jovens. As senhas distribuídas para os autógrafos com nossas autoras esgotaram em menos de dez minutos. Os leitores estavam saudosos desse encontro, dessa troca mais próxima”, comemora Tomás da Veiga Pereira, sócio-diretor da Sextante.

Já nos títulos de não ficção, o ranking ficou com A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown; A morte é um dia que vale a pena viver, da médica Ana Claudia Quintana Arantes, e As coisas que você só vê quando desacelera, de Haemin Sunim.

Estande Rocco | © Divulgação
Estande Rocco | © Divulgação
A Rocco fechou as vendas na Bienal do Livro de São Paulo com o melhor resultado da sua história. Seus números superaram os de todas as participações em edições anteriores da feira realizadas, tanto em São Paulo quanto no Rio. Foram 185% de faturamento acima do resultado de 2018, principalmente pelas vendas altas desde quinta-feira (07). Em relação à última vez que a editora participou da Bienal do Rio, em 2019, o crescimento foi de 80%.

O ranking dos mais vendidos foi completamente dominado pelas mulheres. Os destaques do estande foram as obras de Clarissa Pinkola Estés (Mulheres que correm com os lobos), Alice Oseman (Rádio silêncio) e, é claro, pelos títulos do personagem Harry Potter (Box Harry Potter), de J.K. Rowling. O quarto livro mais vendido foi A cantiga dos pássaros e das serpentes, de Suzanne Collins, e Filhos de sangue e osso, de Tomi Adeyemi. O ticket-médio do livro vendido no estande foi de R$ 42.

O Grupo Editorial Record teve um faturamento três vezes maior do que na edição de 2018 e 50% maior que na edição de 2021 no Rio. Esse resultado equivale ao da soma das últimas três edições paulistas do evento, as de 2018, 2016 e 2014. O Grupo comercializou quase 70 mil exemplares, somando também aqueles vendidos em boxes e kits promocionais. O segundo sábado de evento, que chamou atenção pelos corredores e estandes abarrotados, foi o melhor dia de evento, registrando um crescimento de quase 70% na comparação com o sábado de estreia. A editora compartilhou ainda que no domingo, um cliente desembolsou R$ 1.460,00 numa única compra.

O resultado recorde foi alavancado pelos autores jovens da Galera Record, editora que foi a primeira no Brasil a conquistar o selo de verificação do TikTok. O Box Colleen Hoover, que reúne É assim que acaba, Novembro 9 e Tarde demais, foi o produto mais vendido entre todos no estande do Grupo. Livros de fantasia da Galera, como A vida invisível de Addie LaRue e Os garotos do cemitério, ganharam a companhia de best-sellers populares no TikTok, como Leitura de verão (Verus), de Emily Henry, e A biblioteca da meia noite (Ed. Bertrand Brasil), de Matt Haig. Luzes do norte (Galera Record), fantasia LGBTQIA+ de Giulianna Domingues, foi o representante nacional nos dez mais geral. Entre os títulos de não-ficção, lidera o ranking de mais vendidos Em busca de mim (BestSeller), as memórias da atriz americana Viola Davis. E, mais uma vez, destaque para as autoras: dos 100 títulos mais vendidos do estande, 92 são de mulheres.

O ranking de autores nacionais traz, além de Giulianna, Elayne Baeta, Ray Tavares, Babi A. Sette, Felipe Cabral e Lucas Rocha. Carla Madeira, de Tudo é rio e Véspera, ambos da Record, e Carina Rissi, de Perdida (Verus), completam a lista.

A Intrínseca também teve o melhor resultado em termos de faturamento desde quando começou a participar de Bienais do livro. A editora teve aumento de 150% no faturamento e 45% na quantidade de livros vendidos, em comparação com 2018. A média – assim como na Sextante – foi de nove livros vendidos por minuto, totalizando 58 mil no total.

Na sua lista de mais vendidos, a Intrínseca analisa a forte presença de livros de suspense e do universo true crime, títulos que ganham adaptação para o audiovisual (cinema e plataformas de streaming) e destaca – mais uma vez – que o TikTok foi um propulsor nas vendas, a exemplo do sucesso de Os dois morrem no final, de Adam Silvera, e Viúva de ferro, de Xiran Jay Zhao.

Os cinco mais vendidos foram: Manual de assassinato, de Holly Jackson; Os dois morrem no final; Modus operandi, de Carol Moreira e Mabê Bonafée; e Amor & Gelato e o Box Amor e Livros, ambos de Jenna Evans Welch

Na VR, até o sábado (09) o crescimento de vendas foi de 44% em comparação a Bienal do Livro de 2018. A editora reportou a venda de 15 mil títulos e os mais vendidos foram O Priorado da Laranjeira - A Maga, de Samantha Shannon; Diário de um banana 16: Bola fora e Diário de um Banana - volume 1, ambos de Jeff Kinney; Nosso lugar entre cometas, de Fernanda Nia, e Ás de espadas, Faridah Abike-Iyimide.

A Planeta teve um faturamento 50% maior do que na Bienal de 2018 e os seus livros mais vendidos foram Mil beijos de garoto, de Tillie Cole; O diário de uma princesa desastrada, de Maidy Lacerda; Galateia, de Madeline Miller; e Menos é mais, do Padre Marcelo Rossi

Estande Sextante e Arqueiro | © Divulgação Bienal
Estande Sextante e Arqueiro | © Divulgação Bienal
A Globo Livros vendeu quatro vezes mais que na edição de 2018. “Essa Bienal mostrou um show de excelente organização e estruturação, além de uma ótima escolha de data. Com certeza, pretendemos voltar com a Globo Livros em 2024”, analisa Mauro Palermo, diretor da editora. Os livros mais vendidos foram: Battle Royale, de Koushun Takami; Você ligou para o Sam, de Dustin Thao; e Escravidão 3, de Laurentino Gomes.

Em nove dias de evento, a HarperCollins vendeu aproximadamente 23 mil livros, um aumento de 253% quanto à edição de 2018. No total, a editora 883 títulos e os destaques foram O dia que a árvore do meu quintal falou comigo, de Paulo Vieira; Um salto para o amor, de Aione Simões; Os 8 disfarces de Otto, de Lola Salgado; O beijo do rio e Homens pretos (não) choram, de Stefano Volp;, O telefone preto e outras histórias, de Joe Hill; Casal imperfeito: retratos de um casamento aperfeiçoado em Deus, de Fernanda Witwytzky pela Thomas Nelson Brasil), e Cristianismo puro e simples, de C. S. Lewis; além dos títulos de J.R.R. Tolkien e Agatha Christie.

Na Global, o aumento nas vendas em relação a última edição foi de 100%. Richard Alves, diretor geral da editora analisa que houve uma grande aceitação pelo público e quanto aos negócios, também foi produtivo. “Tivemos a visita de um número inédito de fornecedores, autores, representantes comerciais e distribuidores. Destaco as caravanas de outros municípios nessa edição”, disse ao PN. Nos mais vendidos da editora, destaque para o autor Sergio Vaz. As obras Flores de Alvenaria, Literatura, pão e poesia e Colecionador de ossos foram as três mais vendidas, seguidas por O Povo brasileiro- Edição comemorativa, de Darcy Ribeiro; Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, e Casa grande & senzala, de Gilberto Freyre.

O Grupo Editorial Pensamento teve um crescimento nas vendas em relação a última edição de 54%. O livro mais vendido do grupo foi Eu e Esse Meu Coração (Jangada), de C.C. Hunter. “Ter este livro como o Mais Vendido de todo o estande, demonstra o quanto os jovens estão interessados pelos livros, vimos o público jovem lotar a Bienal com entusiasmo. E, assim, pela primeira vez, tivemos um livro de ficção no topo no nosso ranking”, analisa o Grupo. O Box As aventuras de Tibor Lobato (Jangada) e Ervas que curam (Pensamento) completam o trio dos mais vendidos.

O Sesc São Paulo reportou um aumento de 40% nas vendas em relação a última edição do evento. A editora levou para seu estande mais de 200 títulos e entre os mais vendidos, estão Abecedário de personagens do folclore brasileiro, da autora Januária Cristina Alves; Tom Zé: o último tropicalista, de Pietro Scaramuzzo; e Tarsila do Amaral: a modernista, de Nádia Battella Gotlib. O público estimado que visitou os espaços do Sesc na Bienal é de 80 mil pessoas.

Estande Intrínseca
Estande Intrínseca
O Sesi-SP vendeu 30% a mais do que a edição de 2018 e destaca a grande visitação escolar. “Tivemos muitos alunos e professores passando pelo estande. O voucher incentivou muito essa movimentação”, analisa o editor José Carlos Junior.

Em relação à edição que ocorreu em 2018, a Edições Loyola contabilizou crescimento médio de 30%. Foram 3 mil títulos, sendo 45 exemplares de cada um. Entre os que lideraram a demanda no estande do expositor estão: Cabeça Fria, coração quente (Abel Ferreira) e HeartStopper.

Pela primeira vez como expositora na Bienal do Livro, a Literare Books International trouxe 250 títulos e vendeu, em média, 800 exemplares por dia - uma expectativa de 110% acima do esperado. Maurício Sita, presidente da companhia, encerra o evento com a sensação de missão cumprida. “Mesmo sendo nossa primeira Bienal, este é o melhor evento que já participamos [em termos de faturamento], desde nossa fundação, há 25 anos” Com certeza voltaremos na próxima edição”, ressalta.

Na Melhoramentos - editora que recentemente anunciou mudanças na sua direção – e que vem reformulando seu catálogo nos últimos anos, levou sua "nova cara" para a Bienal. Contou com a presença de autores de várias regiões do país (Amazonas, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasília...), levou tiktokers para sessões de autógrafos e atrações para o público infantil. Na programação oficial, esteve no Papo de Mercado, Cozinhando com as Palavras, Espaço Infantil, Arena Cultural e patrocinou a sala de imprensa. Os livros mais vendidos foram A noiva do Deus do Mar, de Axie Oh; Meu policial, de Bethan Roberts; O azul daqui é mais azul, de Robbie Couch; O menino maluquinho (edição 40 anos), de Ziraldo; e A convocação, de Peadar O'Guilin.

Outra estreante no evento, a Editora Mostarda vendeu 4 mil livros, o dobro da previsão inicial de 2 mil. Os livros mais vendidos no estande foram: Jardim de Marielle (Majori Silva); Menina Sonhadoras e Mulheres Cientistas (Flávia Martins de Carvalho), ambos dirigidos ao público infantil.

Em números, a Ciranda Cultural – um dos maiores espaços com três estandes na Bienal - foram mais de 4 mil títulos em exposição para o público que, ao final das vendas, rendeu R$ 1,3 milhão. Entre as obras mais vendidas os destaques são: 1984; Coisas que guardei para mim e Varal das Letras.

Clique aqui para conferir a galeria de fotos da Bienal.

Principais números da Bienal

Público visitante: 660 mil
Ticket médio: R$ 226, 96
Média de livros adquiridos: 7 por pessoa
Ações de incentivo vale-livro e cashback: R$ 7,2 milhões
Quantidade de livros: 3 milhões
Expositores: 182
Espaços culturais: 9
Horas de programação: 1.500
Autores nacionais: 300
Autores internacionais: 30
Visitação escolar: 60 mil

[11/07/2022 11:00:00]
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