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Os 'anos rebeldes' por um novo ângulo
PublishNews, Redação, 21/06/2022
Marcelo Ridenti discute a internacionalização e o financiamento de intelectuais brasileiros por superpotências durante a Guerra Fria

No contexto da chamada Guerra Fria, um dos pontos principais em disputa eram as mentes dos formadores de opinião ao redor do globo, seja pelos soviéticos da extinta URSS, seja pelos estadunidenses. Essa “Guerra Fria cultural” teve no Brasil um capítulo marcado por algumas peculiaridades, e é sobre elas que se debruça o sociólogo Marcelo Ridenti em O segredo das senhoras americanas (Editora Unesp, 421 pp, R$ 89). O livro trata de intelectuais – no sentido amplo que abarca também certos artistas e estudantes – que atuaram nas circunstâncias da Guerra Fria. “Participando, por exemplo, do círculo internacional comunista, caso de Jorge Amado. Ou, ao contrário, recorrendo a meios fornecidos pelo lado ocidental, como nos vínculos com o Congresso pela Liberdade da Cultura (CLC), sediado em Paris, patrocinador da revista Cadernos Brasileiros com fundos dos EUA. E ainda pela oportunidade dada a estudantes para conhecer gratuitamente a Universidade Harvard e o modo de vida americano em plenos anos rebeldes”, explica o autor. O título da obra faz referência a esta última atividade, custeada pela Associação Universitária Interamericana, entidade organizada por um grupo de mulheres que nunca escondeu que parte de seus fundos vinha de empresas multinacionais. No entanto, souberam guardar segredo sobre o montante do financiamento e sua procedência específica, pois sabiam que a descoberta afastaria o interesse de participação de estudantes de esquerda a quem pretendiam cativar com a estada de cerca de um mês nos Estados Unidos.

[21/06/2022 07:00:00]
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