Apanhadão da semana: Governo oferece em site cópia pirata de Nelson Rodrigues
PublishNews, Redação, 10/06/2022
Ministério da Cidadania disponibiliza dois livros da Companhias das Letras para PDF, sem autorização da editora; o Globo analisa a volta das feiras presenciais

Nelson Rodrigues | © Divulgação Companhia das Letras
Nelson Rodrigues | © Divulgação Companhia das Letras
A Folha publicou nesta semana reportagem que aponta o Ministério da Cidadania oferecendo em seu site, de maneira pirata, sem autorização, livros de Nelson Rodrigues e do britânico Nick Hornby. Na página Academia e Futebol, um programa da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, há uma lista de livros indicados sobre o assunto, com a disponibilização de cópia em PDF. Entre obras que foram editadas com ajuda do Governo estão À sombra das chuteiras imortais, de Nelson Rodrigues; e Febre de bola, de Nick Hornby. Os dois pertencem ao catálogo da Companhia das Letras, que está tomando as medidas judiciais cabíveis nesse caso. Procurado pela reportagem da Folha, o Ministério da Cidadania não se pronunciou.

A Folha trouxe também a cobertura dos primeiros eventos dentro d'A Feira do Livro, montada na praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O jornal relata os encontros do público com o moçambicano Mia Couto e o ativista indígena Ailton Krenak.

O Estadão publicou uma matéria sobre Lettres à Horace Finaly (Cartas a Horace Finaly), lançado nesta quinta-feira (09) na França. É uma compilação de 20 cartas escritas por Marcel Proust (1871-1922). Foram editadas por Thierry Laget, que selecionou aquelas em que o autor de Em busca do tempo perdido relata ao banqueiro Finaly, um de seus melhores amigos, a dificuldade para se livrar de um amante, Henri Rochat. Proust teve de enviar o rapaz suíço ao Brasil, onde conseguiu um emprego para ele, na tentativa de afastá-lo depois que Rochat demonstrou querer mais do que um simples caso com o escritor.

O Estadão também publicou entrevista com Patrícia Melo, que lançou Menos que um (LeYa), um romance sobre pessoas em busca de sobrevivência. Morando na Suíça desde 2010, a autora ficou surpreendida com o aumento de pessoas morando nas ruas de São Paulo quando veio lançar o livro Mulheres empilhadas, em 2019. Criou então a história com uma série de personagens que perambulam pela cidade, como camelôs, flanelinhas, desempregados, bêbados, ladrões, craqueiros e catadores.

O Globo reuniu três eventos deste final de semana para discutir a volta das feiras presenciais de livros. Estão na pauta A Feira do Livro, em São Paulo, a primeira Feira de Livros do MAM, no Rio de Janeiro, e a feira e-cêntrica, em Goiânia. O texto também projeta a POC COM, evento de quadrinhos LGBTQIA+, no próximo dia 18, o Salão do Livro Político, de 20 a 24, e a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, de 2 a 10 de julho.

Entre as poucas críticas literárias da semana na chamada "grande imprensa", destaque na Folha para o quarto livro de Ariana Harwicz. No romance Degenerado (Sextante), a escritora mergulha na mente de um acusado de estupro. É um monólogo sufocante, narrado pelo próprio acusado, em que a autora evita certezas definitivas, apenas questiona as relações entre o criminoso e a comunidade. Assim, a escritora argentina continua com foco em histórias pesadas, como em seus livros anteriores: A débil mental, Morra, amor e Precoce.

Vale destacar que nesta semana as editorias de cultura dos principais jornais brasileiros deram pouca atenção a notícias ligadas a livros. O espaço foi bastante ocupado com o noticiário da polêmica sobre shows de astros sertanejos pagos com dinheiro público, objeto de cobertura maciça em todos os veículos.

[10/06/2022 08:00:00]