Considerado por muitos o maior cronista da cultura e do espírito britânico da primeira metade do século XX, George Orwell (1903-1950) deixou uma vasta lista de obras, uma das mais consistentes do romance moderno. Mas ele é mais lembrado por suas alegorias de simbolismo direto, sem grandes disfarces, que são 1984, representação de um futuro ditatorial escrita em 1949 que se mostra muito pertinente nos dias atuais, e A Revolução dos Bichos (160 pp, R$ 39,90 - Trad.: Júlio de Andrade Filho), de 1945, que chega às lojas em publicação da Editora Serena. A história do grupo de animais que decide se rebelar contra o fazendeiro Sr. Jones e, por consequência, contra a exploração sofrida nas mãos dos humanos, pode parecer numa leitura desatenta uma fábula de tons fantásticos. Orwell, na verdade, quis construir uma sátira ao totalitarismo (o que fica óbvio) e, especificamente, aos rumos tomados nos momentos posteriores à Revolução Russa de 1917 (não tão óbvio assim). Vale elogiar a capa desta edição, que tem traço divertido, indo na contramão das capas com algum potencial aterrorizante que costumam envolver o livro de Orwell. Livro que, sim, é aterrorizante.