Livro ficcional de estreia do jornalista e crítico Mateus Baldi, Formigas no Paraíso (Faria e Silva, 132 pp, R$ 49) apresenta contos provocativos que prescrutam a alma do cidadão contemporâneo dos grandes centros urbanos, mesmo tendo como cenário o desmistificado Rio de Janeiro. Em 11 contos, Mateus apresenta a complexidade psicológica de suas personagens, quase todas mulheres. A sexualidade reprimida, os sonhos perdidos, a ira contida. As breves histórias abordam questões e disputas familiares, traumas nunca superados e desejos silenciados e recalcados. Assim, a hipocrisia das relações humanas aparece nas entrelinhas, muitas vezes por aquilo que nunca é dito. Como diz Noemi Jaffe na orelha do livro, a obra apresenta “personagens divididos entre a necessidade, a circunstância e o desejo.” Por meio deles, “vamos também reconhecendo um país — pela metonímia carioca. Um Brasil que se vê face a face com a hipocrisia das relações, com as adversidades sociais e financeiras com que sua classe média é diariamente confrontada e com as ambiguidades a que estamos submetidos.”, acrescenta a escritora.