Em 1935, o advogado, jornalista e intelectual paulistano Paulo Duarte escreveu para Mário de Andrade para convidá-lo a assumir o Departamento de Cultura da cidade de São Paulo. A partir daí, os dois mantiveram intensa correspondência que dão a dimensão das condições em que se implantou uma intervenção do poder político na máquina pública para promover o acesso à cultura numa cidade que cultua o trabalho. Estes documentos foram reunidos em Mário de Andrade por ele mesmo (576 pp, R$ 99), publicado originalmente em 1971 e que agora ganha nova edição pela Todavia. No livro, Duarte faz um balanço desse período conturbado na vida cultural e política brasileira. Híbrido de ensaio e correspondência, Mário de Andrade por ele mesmo traz os fundamentos de uma concepção de cultura democrática, até hoje em luta para se constituir.