Cobrindo o período que vai de 1860 a 1896, os registros dos irmãos Goncourt fornecem uma crônica dos bastidores dos círculos literários parisienses em uma das épocas mais férteis da história da literatura
Nos dias de hoje o nome Goncourt é mais conhecido quando se fala do prêmio literário mais importante da França ou de uma rua e de uma estação de metrô de Paris. Todos eles homenageiam os irmãos Edmond (1822-1896) e Jules (1830-1870) de Goncourt, inseparáveis na vida e na literatura, autores de vários romances, dramas teatrais e estudos históricos, hoje pouco lidos ou encenados. Foi na qualidade de observadores e participantes do mundo das letras que se originou a obra-prima dos Goncourt,
Diário – Memórias da vida literária (Carambaia, 432 pp, R$ 121,90). Esta edição traz uma seleção dos melhores trechos da obra, com tradução, organização, notas e introdução de Jorge Bastos. O
Diário, assim como toda a obra dos irmãos, foi escrito em conjunto até a morte de Jules, vitimado pela sífilis. Como testemunhas privilegiadas, os irmãos Goncourt fornecem uma inestimável crônica das discussões estéticas e literárias, da vida mundana de Paris, dos hábitos e princípios da intelectualidade da época, dos prostíbulos e bordéis, da chocante misoginia e da visão da elite sobre os acontecimentos políticos de uma época de revoluções e descobertas. O projeto gráfico desta edição, feito por Vitor Carvalho, faz alusão a elementos da atmosfera parisiense do século XIX, com as estruturas metálicas e os grandes espaços de convivência criados pela reforma urbana do barão de Haussmann.