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A autobiografia impessoal de Annie Ernaux
PublishNews, Redação, 17/06/2021
Considerado por muitos o principal livro de Annie Ernaux, 'Os anos' foi finalista do International Booker Prize 2019. Na obra, as recordações pessoais da autora se mesclam à história do mundo.

Uma das principais escritoras francesas da atualidade, Annie Ernaux, empreende em Os anos (Fósforo, 224 pp, R$ 64,90 - Trad.: Marília Garcia) a ambiciosa tarefa de escrever uma autobiografia impessoal. Com ousadia e precisão estilística, ela lança mão de um sujeito coletivo e indeterminado, que ocupa o lugar do eu para dar luz a um novo gênero literário, no qual recordações pessoais se mesclam à grande História, numa evocação do tempo única. Nascida em 1940, em uma pequena cidade no interior da França, Ernaux pertence a uma geração que veio ao mundo tarde demais para se lembrar da guerra, mas que foi receptora imediata das recordações e mitologias familiares daquele tempo. Uma geração que nasceu cedo demais para estar à frente de Maio de 68, mas que ainda assim viu naquelas manifestações a possibilidade dos mais jovens de uma liberdade que por pouco não pôde gozar. Pela prosa original de Ernaux, o leitor vê passar seis décadas de acontecimentos, entre eles a Guerra da Argélia, a revolução dos costumes, o nascimento da sociedade de consumo, as principais eleições presidenciais francesas, a virada do milênio, o 11 de Setembro e as inovações tecnológicas, signo sob o qual vivemos até hoje. Os anos foi finalista do International Booker Prize em 2019 e vencedor dos prêmios Renaudot na França e Strega na Itália, além de figurar lista dos livros preferidos de Elena Ferrante escritos por mulheres.

[17/06/2021 07:00:00]
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