'Knulp', construção poética de Hermann Hesse, é uma ode ao eterno desejo humano de liberdade
As três histórias da vida do andarilho
Knulp (Todavia, 112 pp, R$ 49,90 - Trad.: Julia Bussius) estão entre os textos mais encantadores de Hermann Hesse. Reunindo temas depois aprofundados em outras obras do escritor — a experiência existencial, a formação da personalidade, a contestação de velhos valores —,
Knulp apresenta o herói poético que influenciaria autores como Stefan Zweig e Jack Kerouac. Hippie
avant la lettre em plena Alemanha do fim do século XIX, um jovem Knulp vagueia de cidade em cidade e se hospeda na casa de conhecidos, que lhe dão teto, comida e algum afeto. Ele evita, no entanto, construir relações mais profundas, estabelecer laços definitivos: é um amante da liberdade. À medida que os anos passam, amigos o repreendem por ter desperdiçado seu talento e sua saúde com uma existência vadia, entregue à boemia e ao improviso. O andarilho, ainda que debilitado, não lhes dá ouvidos e segue desfrutando dos prazeres mais simples, aferrado aos breves momentos de felicidade. Knulp é um personagem também complexo, que duvida constantemente de suas próprias escolhas.