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Memórias de um garoto
PublishNews, Redação, 15/01/2020
Obra de Elsa Morante, ‘A ilha de Arturo’ é um romance de formação narrado por um garoto que começa a descobrir os mais diversos sentimentos

Elsa Morante (1912-1985) costumava dizer que, no fundo, se sentia “um menino”. E afirmou certa vez, parodiando Flaubert, “Arturo sou eu”. Referia-se ao personagem narrador de A ilha de Arturo (Carambaia, 384 pp, R$ 99,90 – Trad.: Roberta Barni), uma assombrosa evocação da infância e da puberdade. A obra se passa às vésperas da Segunda Guerra Mundial em Procida, ilha na região de Nápoles em que o personagem vive uma vida de liberdade e imaginação, sem escola, mas plena de livros e natureza selvagem. A mãe do garoto de 14 anos morreu no seu nascimento e o pai, Wilhelm Gerace, que ele idolatra acima de todas as coisas, passa grande parte do tempo em viagens misteriosas que alimentam os devaneios de Arturo. Os dois vivem no palácio decaído de um amigo de Gerace que acumulou dinheiro e detestava todas as mulheres. A segurança de Arturo, para quem a solidão parecia um “estado natural”, é abalada pela chegada da nova esposa do pai, apenas dois anos mais velha do que ele. Sentimentos violentos e confusos começam a aflorar. A ilha de Arturo é um romance de formação complexo e contraditório, em que o aprendizado é corroído por emoções brutais e incontroláveis.

[15/01/2020 07:00:00]
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